Reflexão do dia:

Reflexão da semana

"Ser de Candomblé não se limita ao fato de ter uma religião, é, sobretudo, um modo de vida".
Pai Lucas de Odé

Èwè - Folhas



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ÀFÒMÓN

Nome popular: Erva-de-passarinho;

Nomes científicos: 1)Phthirusa abdita  S. Moore., Loranthaceae
                            2)Phthirusa teobromae Baill.
                            3)Psittacanthus calyculatus (DC) G. Don.
                            4)Phoradendron crassifolium Pohl. et. Sichl. (=Viscum crassifolium Pohl.)
                    5)Sthuthantus marginatus Blume. (=Sthuthantus flexicaulis Mart, S. Brasiliensis Lam., Lotranthus marginatus Lam., Loranthus Brasiliensis Lank., Phthirusa pyrifolia Eichl.)

Orixás: Obaluaiê, Oxumarê e Nanã

Elementos: Ar/masculino

As diversas espécies existentes, em sua grande maioria, são nativas da América tropical e encontradas no Brasil. Estas plantas vegetam sobre árvores, propagando-se através dos pássaros que comem seus frutos, daí o nome comum de erva-de-passarinho. Embora consideradas parasitas, são, na verdade, hemiparasitas, pois fazem fotossíntese. Sua propagação independe de solo, por isso medram nas mais diversas regiões do país.

Àfòmòn é o nome genérico dado pelos nagôs a diversas plantas que utilizam outros vegetais, principalmente árvores, como substrato. Normalmente pertencem à família das lorantáceas, embora algumas polipodiáceas ou convolvuláceas estejam, também, incluídas nessa categoria. São atribuídas aos orixás Obaluaiê, Nanã e Oxumarê, e empregadas nos rituais de iniciação e banhos purificatórios dos adeptos.

As várias espécies de erva-de-passarinho são utilizadas como remédio, em forma de chá, no combate a gripe, resfriado, pneumonia e bronquite. Todavia, embora suas sementes sejam comidas pelos pássaros, para as pessoas são consideradas muito adstringentes e, de algumas espécies, tidas como venenosas.

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ABITÓLÁ

Nomes populares: Cambará, camará, camará-de-chumbo, camará-de-espinho;

Nome científico: Lantana camara L. Verbenaceae;

Sinonímia: 1) Lantana undulata Schr.
2)Eupatorium hecatanthus Baker.

Orixás: Exú e Xangô

Elementos: fogo/feminino

Nativa na América Tropical, encontra-se disseminada pelos continentes, principalmente o africano e o australiano.

Pode ser considerada uma “folha quente” (“gún” = de excitação) e ligada ao elemento fogo, em banhos é associada às “folhas frias para que haja equilíbrio”.

Os africanos atribuem-lhe os nomes iorubás de èwòn àdèle, èwòn agogo e ègúnwín (Verger 1995:688), e utilizam-na em “receita para tratar hemorróidas internas” e “receita para tratar dores no pescoço” (Verger 1995;195,225).

A população serrana do Rio de Janeiro costuma utilizar o chá das folhas do cambará como sucedâneo do café, e lhe atribuem um ótimo sabor.

Por suas propriedades balsâmicas, suas folhas em infusão têm vasto emprego no combate às doenças das vias respiratórias, bronquites, tosses rouquidões e resfriados.


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ABÉRÉ

Nomes populares: Picão, picão-preto, pico-pico, fura-capa, piolho-de-padre, cuambu

Nome científico: Bidens pilosa L, Compositae

Orixás: Exú e Oxum

Elementos: Terra/masculino

Planta Muito popular no território nacional, tem sua origem na América tropical e encontra-se presente na Europa e na África.
As folhas são também atribuídas a Oxum, com larga utilização em "feitiços". Para esta finalidade são torradas em panelas de ferro, associadas a outros elementos, para a obtenção do Atin (pó), seguindo o modelo mítico de que este orixá é considerado "a mãe dos feitiços". In natura suas folhas são também usadas em assentamentos e trabalhos com Exú.
Utilizado no culto de Ifá pelos Babalaôs, o picão tem os nomes iorubá de elésin máso, akésin máso, oyà, malánganran, abéré olóko, agamáyàn, agaran mòyàn, àgbède dudu oko, ajísomobíàlá, sendo empregada tanto em trabalhos benéficos - "proteção contra a ganância", quanto para malefício - "trabalho para fazer alguém ter pesadelos (Verger 1995:638,495,415).
O picão é uma planta largamente utilizada, sob a forma de chá, na medicina popular, no combate à hepatite; todavia, seu uso se estende aos casos de febre, males do fígado, rins e bexiga, beneficiando a função hepática e normalizando a diurese.


Comentário: O Picão preto (Bidens pilosa) é uma planta que, desde 2009, foi reconhecida oficialmente pelo Ministério da Saúde do Brasil como possuidora de propriedades fitoterápicas. A erva não tem nenhuma contra-indicação. Ferva o equivalente a uma colher de sopa de picão em ½ litro d'água e toma de 2 a 3 xícaras por dia. Os benefícios são magníficos e aparecem em pouco tempo. (Pai Lucas de Odé)

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ÁBÈBÈ ÒSÚN

Nomes populares: Erva-capitão, acariçoba, pára-sol, capitão, lodagem

Nome científico: Hydrocotyle bonariensis Lam., Umbeliferae

Sinonímia: 1) Hydrocotyle umbellata L. var. bonariensis
                2) Hydrocotyle multiflora Ruiz & Pav.

Orixá: Oxum

Elementos: Água/feminino

Planta nativa nas Américas que ocorre, também, na África do Sul, medrando na beira dos rios, lagos e lugares úmidos.
Esta planta tem "folhas que lembram o formato do leque de Oxum"; é usada como paramento nas festas, daí a origem de seu nome nagô. Utilizada nos terreiros jêje-nagôs, em rituais de iniciação, agbô e "banhos de prosperidade". É conhecida, também, pelo nome nagô akáró, que significa "dá poder aos cantos", ou popularmente como folha-de-dez-réis.
O decocto das raízes da erva capitão combate as afecções do baço, fígado, intestino, diarréias, hidropisias, reumatismo e sífilis, bem como a planta toda, em uso externo, serve para eliminar sardas e outras manchas da pele. As folhas tomadas com leite funcionam como calmante e tônico cerebral.

Comentário: Essa folha é essencial para a realização da festa do ipeté de Oxum. De manhã, bem cedo, as mulheres da roça as colhem, levam para o centro do barracão, onde as lavam entoando cânticos para, posteriormente, servirem a comida ritualística de Oxum, o ipeté. (Pai Lucas de Odé)
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ÁBÈBÈ KÒ

Nomes populares: Tira-teima, árvore-da-felicidade-macho, arália-cortina

Nome cinentífico: Polyscias guilfoylei Bailey., Araliaceae

Sinonímia: 1) Nothopanax guilfoylei Merr.
                2) Aralia guilfoylei Bull.

Orixá: Ossaim

Elementos: Terra/feminino

Planta originária da Ásia e cultivada em diversos países como ornamental. No Brasil ocorre em todos os Estados.
Esta planta é conhecida nas casas jêje-nagôs, também pelos nomes ábèbè kosí ou akosí. É utilizada, com freqüência, nos candomblés de angola ou jêje, em banhos e sacudimentos; porém nas casas de alaketu ou ketu, é usada na ornamentação de barracões. Existem variedades com as folhas ovaladas e todas verdes, ovaladas com bordas brancas e arredondadas com as bordas brancas, sendo esta última a mais usada na liturgia. Seus nomes nagôs - ábèbè kó (= não é abèbè) e ábèbè kosí (= falso ábèbè) sãoalusões feitas ao formato de suas folhas, que lembram o ábèbè osum (Hydrocotyle bonariensis Lam.), reconhecida como o ábèbè verdadeiro de Oxum.
Popularmente, esta planta é utilizada na ornamentação de casas e jardins, não tendo utilidade medicinal.

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ÀBÀRÁ ÒKÉ

Nomes populares: Bauilha-de-nicurí, baunilha-da-bahia, baunilha-de-fava-grande, baunilha-silvestre

Nome científico: Vanilla palmarum Lindl., Orchidaceae

Orixá: Ossaim

Elementos: Terra/masculino

Planta epífita da família das orquídeas, originária da Ásia, encontra-se aclimatada no Brasil. Vegeta em abundância nas regiões norte e nordeste, principalmente em áreas próximas ao vale do São Francisco.
Esta orquidácea  é utilizada nos rituais de iniciação, banhos purificatórios e na sacralização dos objetos rituais do orixá.
Suas sementes são aromáticas e usadas medicinalmente nos casos de abalo do sitema nervoso, histerismo, hipocondria, melancolia, convulsão, coqueluche e tosses rebeldes. A planta toda é considerada afrodisíaca.
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ÀBAMO

Nomes populares: folha-da-fortuna, fortuna, folha-grossa, milagre-de-são-joaquim

Nome científico: Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken., Crassulaceae

Sinonímia: 1) Bryophyllum calcinum Salisb.
                2) Kalanchoe pinnata Pers.

Orixás: Ifá, Oxalá e Xangô

Elementos: Água/feminino

Nativa das regiões tropicais asiáticas, foi introduzida há muito na América tropical, ocorrendo em todo o território nacional.
Em Ilê-Ifé, terra de Ifá, em território yorubá no sudeste africano, nas cerimônias para Obatalá e Yemowo, após os sacrifícios, as imagens desses Orixás são lavadas com uma mistura de folhas, sendo uma delas o  àbamodá (Verger1981.255), que também é conhecida pelos nomes yorubás eòdúndún, kantí-kantí e kóropòn. (Verger1995.641)
Ábámodá, segundo Dalziel (1948:28), em dialeto yorubá significa "o que você deseja, você faz"; todavia, quando chamada de 
erú òdúndún (escravo de odundun), é considerada como folha subordinada e afim, que pode eventualmente substituir o òdúndún (Kalanchoe crenata (Andr.) Haw), segundo a cosmovisão jêje-nagô.
No Brasil, "alguns zeladores de santo consideram que a folha-da-fortuna pertence a Xangô"; todavia, uma grande maioria faz uso desse vegetal para diversos outros Orixás, confirmando, desse modo, a tradição africana de que ela pertença aos orixás-funfun (originais), pois, quando um vegetal é usado para vários Orixás é porque, com raras exceções, normalmente ele está ligado a Ifá ou Oxalá.
Uma característica dessa planta, é o surgimento de muitos brotos nas bordas das folhas, fato associado à prosperidade; por isso sua utilização é freqüente nos rituais de iniciação, àgbo, banhos purificatórios, sacralização dos objetos rituais dos orixás, "lavagem dos búzios e das vistas e para assentar Exu de mercado".
No campo medicinal, a folha-da-fortuna funciona como refrigerante, diurética e sedativa. Combate encefalias, nevralgias, dores de dente, coqueluche e afecções das vias respiratórias. É, ainda, utilizada externamente contra doenças de pele, feridas, furúnculos, úlceras e dermatoses em geral.   
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ABÀFÈ




Nomes populares: pata-de-vaca, unha-de-boi, unha-de-vaca, pata-de-boi, unha-de-anta, bauínia, bauínia-de-flor-branca, bauínia-de-flor-rosa, insulina vegetal.

Nome científico: 1) Bauhinia forticata Link, Leguminosae
                         2) Bauhinia candicans Benth
                         3) Bauhinia perpurea L

Elementos: Terra/faminino

De origem discutível, pois alguns autores afirmam serem nativas da Ásia e da África Tropical; Todavia, uma grande maioria cita as Bauínias como plantas originárias da América do Sul. As três espécies citadas ocorrem regularmente em todo o território nacional.
Embora não seja uma planta muito freqüente na liturgia dos vegetais, a pata-de-vaca é usada no Àgbo e banhos para os filhos de Obaluaiê (branca) e a de Oiá (púrpura), em algumas casas de santo.
A Bauhínia perpurea, que possui rosas escuras ou púrpura, segundo alguns usuários, não são indicadas para combater a glicosúrea; todavia, tem aplicação litúrgica.
Como fitofármaco, tanto a B. forticata (flores brancas e pétalas finas) quanto a B. candicans (flores brancas de pétalas largas) são amplamente conhecidas não só nos terreiros, como também pela população geral, pois as duas são morfológicamente muito semelhantes, sendo usadas para combater a diabetes.
Em outras indicações, sempre sob a forma de chá, ou de decocção, as folhas dessas leguminosas são usadas internamente contra infecções renais, incontinência urinária e poliúria, e, externamente, no combate a elefantíase.
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Este é outro espaço do ILÈ DARÁ dedicado a você. Aqui você encontra algumas das principais folhas usadas nas roças de candomblé. Uma lista completa de nome popular, nome científico, nome em Yorubá, aplicações e indicações dos Orisá a que pertencem. Aproveite! Envie-nos também suas dúvidas e curiosidades! Faremos o possível para atendê-lo! Asé Ire O!