Reflexão do dia:

Reflexão da semana

"Ser de Candomblé não se limita ao fato de ter uma religião, é, sobretudo, um modo de vida".
Pai Lucas de Odé

quarta-feira, 9 de março de 2011

Èwè - Folhas

Èwè - Folhas:


ÁBÈBÈ ÒSÚN

Nomes populares: Erva-capitão, acariçoba, pára-sol, capitão, lodagem

Nome científico: Hydrocotyle bonariensis Lam., Umbeliferae

Sinonímia: 1) Hydrocotyle umbellata L. var. bonariensis
2) Hydrocotyle multiflora Ruiz & Pav.

Orixá: Oxum

Elementos: Água/feminino

Planta nativa nas Américas que ocorre, também, na África do Sul, medrando na beira dos rios, lagos e lugares úmidos.
Esta planta tem "folhas que lembram o formato do leque de Oxum"; é usada como paramento nas festas, daí a origem de seu nome nagô. Utilizada nos terreiros jêje-nagôs, em rituais de iniciação, agbô e "banhos de prosperidade". É conhecida, também, pelo nome nagô akáró, que significa "dá poder aos cantos", ou popularmente como folha-de-dez-réis.
O decocto das raízes da erva capitão combate as afecções do baço, fígado, intestino, diarréias, hidropisias, reumatismo e sífilis, bem como a planta toda, em uso externo, serve para eliminar sardas e outras manchas da pele. As folhas tomadas com leite funcionam como calmante e tônico cerebral.

Itàn - Lendas

 Itàn - Lendas:


Oxossi aprende com Ogum a arte da caça


Oxóssi é irmão de Ogum.
Ogum tem pelo irmão um afeto especial.
Num dia em que voltava da batalha,
Ogum encontrou o irmão temeroso e sem reação,
cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia
e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras.
Ogum vinha cansado de outra guerra,
mas ficou irado e sedento de vingança.
Procurou dentro de sí mais forças para continuar lutando
e partiu na direção dos inimigos.
Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.
Quando por fim venceu os invasores,
sentou-se com o irmão e o tranquilizou com sua proteção.
Sempre que houvesse necessidade
ele iria até seu encontro para auxiliá-lo.
Ogum então ensinou Oxóssi a caçar,
a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas.
Oxóssi aprendeu com o irmão a nobre arte da caça,
sem a qual a vida é muito mais difícil.
Ogum ensinou Oxóssi a defender-se por sí próprio
e ensinou Oxóssi a cuidar da sua gente.
Agora Ogum podia voltar tranquilo para a guerra.
Ogum fez de Oxóssi o provedor.
Oxóssi é irmão de Ogum.
Ogum é o grande guerreiro.
Oxóssi é o grande caçador.
Comentários: Bem como citamos no mito já publicado neste blog, “Ogum dá aos homens o segredo do ferro”, este mito revela que foi Ogum quem transmitiu a Oxóssi o aprendizado da arte da caça, por isso dizemos a Ogum: “akan bi Odé”, o primeiro caçador. Veja também, logo abaixo o mito de Ogum. 
O Itàn revela que mesmo entre os Orixás há irmandade e cumplicidade. Isso nos serve de lição, pois os homens insistem de forma errônea em disputar conhecimento e poder. O mito nos mostra que devemos aprender uns com os outros, ao invés de competir. 
Podemos entender ainda que, mesmo quando estamos cansados, como Ogum no retorno de uma batalha, devemos buscar dentro de nós a força interior e sempre lutar por aqueles a quem temos afeto, bem como por nossa casa e família. 

sexta-feira, 4 de março de 2011

Conheça o ÁBÈBÈ KÒ, o falso abebe de Oxum

Èwè - Folhas:


ÁBÈBÈ

Nomes populares: Tira-teima, árvore-da-felicidade-macho, arália-cortina

Nome cinentífico: Polyscias guilfoylei Bailey., Araliaceae

Sinonímia: 1) Nothopanax guilfoylei Merr.
2) Aralia guilfoylei Bull.

Orixá: Ossaim

Elementos: Terra/feminino

Planta originária da Ásia e cultivada em diversos países como ornamental. No Brasil ocorre em todos os Estados.
Esta planta é conhecida nas casas jêje-nagôs, também pelos nomes ábèbè kosí ou akosí. É utilizada, com freqüência, nos candomblés de angola ou jêje, em banhos e sacudimentos; porém nas casas de alaketu ou ketu, é usada na ornamentação de barracões. Existem variedades com as folhas ovaladas e todas verdes, ovaladas com bordas brancas e arredondadas com as bordas brancas, sendo esta última a mais usada na liturgia. Seus nomes nagôs - ábèbè kó (= não é abèbè) e ábèbè kosí (= falso ábèbè) sãoalusões feitas ao formato de suas folhas, que lembram o ábèbè osum (Hydrocotyle bonariensis Lam.), reconhecida como o ábèbè verdadeiro de Oxum.
Popularmente, esta planta é utilizada na ornamentação de casas e jardins, não tendo utilidade medicinal.

quinta-feira, 3 de março de 2011

O blog é um sucesso!

É com imensa satisfação que comunico a todos amigos, irmãos, simpatizantes e aos seguidores deste blog que hoje, às 13h30 chegamos à marca de 300 visitas!

O blog  foi criado no dia 25 de fevereiro de 2011, depois que o Babalorixá Lucas de Odé, decidiu criar um espaço ilimitado e democrático para as discussões e divulgações daquilo que compreende a religião dos Orixás, o candomblé.

Depois de descartar várias idéias, chegamos ao consenso da criação de um blog, devido as facilidades de adesão e não haver limite para as publicações, já que candomblé é mesmo uma coisa muito ampla.

Estava na Rede Mundial de Computadores o www.axedambaode.blogspot.com.

Hoje, com apenas uma semana de "nascimento", o blog  bate a marca de 300 visitas.

Pai Lucas de Odé atribui à necessidade do povo de santo de se ver representado. "Isso representa que o povo de candomblé é crítico, interessado e que necessitamos, cada vez mais, mostrar ao Brasil e ao mundo o quanto nossa fé é bonita e séria", disse.

Nós sentimo-nos muito felizes com o sucesso deste projeto e queremos dizer as pessoas de santo que apoiem essa idéia em nome da religião que seguimos!

"Ara ketu urè fara imorá" Povo de ketu nos abracemos e nos abençoemos!

Conheça a Àbàrá Òké, a folha da baunilha-da-bahia

Èwè - Folhas:

ÀBÀRÁ ÒKÉ

Nomes populares: Bauilha-de-nicurí, baunilha-da-bahia, baunilha-de-fava-grande, baunilha-silvestre

Nome científico: Vanilla palmarum Lindl., Orchidaceae

Orixá: Ossaim

Elementos: Terra/masculino

Planta epífita da família das orquídeas, originária da Ásia, encontra-se aclimatada no Brasil. Vegeta em abundância nas regiões norte e nordeste, principalmente em áreas próximas ao vale do São Francisco.
Esta orquidácea é utilizada nos rituais de iniciação, banhos purificatórios e na sacralização dos objetos rituais do orixá.
Suas sementes são aromáticas e usadas medicinalmente nos casos de abalo do sitema nervoso, histerismo, hipocondria, melancolia, convulsão, coqueluche e tosses rebeldes. A planta toda é considerada afrodisíaca.

Ogum dá aos homens o segredo do ferro

Itàn - Lendas:

Ogum dá aos homens o segredo do ferro

Na terra criada por Obatalá, em Ifé,
os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade.
Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos
feitos de madeira, pedra ou metal mole.
Por isso o trabalho exigia grande esforço.
Com o aumento da população em Ifé, a comida andava escassa.
Era necessário plantar uma área maior.
Os orixás então se reuniram para decidir como fariam
para remover as árvores do terreno e aumentar a área da lavoura.
Ossaim, o orixá da medicina, dispôs-se a ir primeiro
e limpar o terreno.
Mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido.
Do mesmo modo que Ossain,
todos os outros orixás tentaram,
um por um, e fracassaram
na tarefa de limpar o terreno para o plantio.
Ogum, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então.
Quando todos os outros orixás tinham fracassado,
Ogum pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno.
Os orixás, admirados, perguntaram a Ogum de que material
era feito tão resistente facão.
Ogum respondeu que era o ferro,
um segredo recebido de Orunmilá.
Os orixás invejavam Ogum pelos benefícios que o ferro trazia,
não só à agricultura, como à caça e até mesmo à guerra.
Por muito tempo os orixás importunaram Ogum
para saber do segredo do ferro,
mas ele mantinha o segredo só para sí.
Os orixás decidiram então oferecer-lhe o reinado
em troca de que ele lhes ensinasse
tudo sobre aquele metal tão resistente.
Ogum aceitou a proposta.
Os humanos também vieram a Ogum
pedir-lhe o conhecimento do ferro.
E Ogum lhes deu o conhecimento da forja,
até o dia em que todo caçador e todo guerreiro
tiverem sua lança de ferro.
Mas, apesar de Ogum ter aceitado o comando dos orixás,
antes de mais nada ele era um caçador.
Certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora
numa difícil temporada.
Quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho.
Os orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado.
Eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado.
Ogum se decepcionou com os orixás,
pois quando precisaram dele para o segredo da forja,
eles o fizeram rei
e agora diziam que não era digno de governá-los.
Então Ogum banhou-se,
vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas,
pegou suas armas e partiu.
Num lugar distante chamaro Irê, construiu uma casa
embaixo da árvore de akokô e lá permaneceu.
Os humanos que receberam de Ogum o segredo do ferro
não o esqueceram.
Todo mês de dezembro, celebram a festa de Iudê-Ogum.
Caçadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros
fazem sacrifícios em memória de Ogum.
Ogum é o senhor do ferro para sempre.

Fonte: PRANDI, Reginaldo, Mitologia dos Orixás - São Paulo: Companhia das Letras,2001.

Comentário: Esse mito nos oferece várias possibilidades de fazer alusão ao que praticamos no cotidiano de nossas casas de candomblé. Conforme o mito narra, Ogum antes de tudo era caçador. Isso me remete a uma expressão freqüente, com a qual saudamos Ogum. Entre tantas outras dizemos a Ogum "AKÀN BI ODÉ", o que significa "o primeiro caçador".

Existem outros mitos que narram que foi Ogum quem transmitiu a Oxossi/Odé os segredos da prática da caça, o que reforça outra vez o uso da expressão.

Literalmente, no idioma Yorubá, akàn significa caranguejo, mas é uma palavra utilizada no yorubá para significar "bom",assim como "peixe" é usada para designar "mau". Ex: "eja mbi akàn?" - isto é bom ou mau? "Akàn ni" = isto é bom.

Akàn também refere-se a um ornamento (dragona) usado nos ombros pelos oficiais. Já Akán, significa ligeireza, elegância, atividade.

Quanto a parte do mito que diz que Ogum refugiou-se para debaixo da árvore de akoko e vestiu-se de folhas de palmeira desfiadas, primeiramente, na África (em Irê), os assentamentos de Ogum são depositados debaixo da mesma árvore, sendo o akoko uma folha de Ogum e Ossaim.

Quanto as folhas de palmeira desfiada, o mariwò - muito usada nas casas de candomblé -, diversas cantigas de rum de Ogum, principalmente as tocadas em OGÈLÈ (ritmo da Sassain) fazem referência ao fato de Ogum se vestir de mariwò.

Sobretudo, o mito ainda transmite a nós um alerta quanto a decepções que nós sacerdotes sofremos, depois de ajudar aqueles que, por ventura, nos procuram, são atendidos e depois "esquecem" da ajuda prestada. Todo mito, além de explicar ou justificar atos, traz intrínseco uma lição para nós.

Essas são as minhas interpretações do mito acima, baseada no conhecimento que me foi transmitido ao longo de minha vida sacerdotal. Espero que nossos amigos e irmãos colaborem também. Espero, mais uma vez, ter sido útil. Atenciosamente, Pai Lucas de Odé.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Conheça o ÀBÁMODÁ, a folha-da-fortuna, suas propriedades e aplicações

Èwè - Folhas:


ÀBAMO

Nomes populares: folha-da-fortuna, fortuna, folha-grossa, milagre-de-são-joaquim

Nome científico: Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken., Crassulaceae

Sinonímia: 1) Bryophyllum calcinum Salisb.
                2) Kalanchoe pinnata Pers.

Orixás: Ifá, Oxalá e Xangô

Elementos: Água/feminino

Nativa das regiões tropicais asiáticas, foi introduzida há muito na América tropical, ocorrendo em todo o território nacional.
Em Ilê-Ifé, terra de Ifá, em território yorubá no sudeste africano, nas cerimônias para Obatalá e Yemowo, após os sacrifícios, as imagens desses Orixás são lavadas com uma mistura de folhas, sendo uma delas o  àbamodá (Verger1981.255), que também é conhecida pelos nomes yorubás erú òdúndún, kantí-kantí e kóropòn.(Verger1995.641)
Ábámodá, segundo Dalziel (1948:28), em dialeto yorubá significa "o que você deseja, você faz"; todavia, quando chamada de 
erú òdúndún (escravo de odundun), é considerada como folha subordinada e afim, que pode eventualmente substituir o òdúndún (Kalanchoe crenata (Andr.) Haw), segundo a cosmovisão jêje-nagô.
No Brasil, "alguns zeladores de santo consideram que a folha-da-fortuna pertence a Xangô"; todavia, uma grande maioria faz uso desse vegetal para diversos outros Orixás, confirmando, desse modo, a tradição africana de que ela pertença aos orixás-funfun (originais), pois, quando um vegetal é usado para vários Orixás é porque, com raras exceções, normalmente ele está ligado a Ifá ou Oxalá.
Uma característica dessa planta, é o surgimento de muitos brotos nas bordas das folhas, fato associado à prosperidade; por isso sua utilização é freqüente nos rituais de iniciação, àgbo, banhos purificatórios, sacralização dos objetos rituais dos orixás, "lavagem dos búzios e das vistas e para assentar Exu de mercado".
No campo medicinal, a folha-da-fortuna funciona como refrigerante, diurética e sedativa. Combate encefalias, nevralgias, dores de dente, coqueluche e afecções das vias respiratórias. É, ainda, utilizada externamente contra doenças de pele, feridas, furúnculos, úlceras e dermatoses em geral. 

Exú ganha o poder sobre as encruzilhadas

Itàn - Lendas:

Exú ganha o poder sobre as encruzilhadas


Exú não tinha riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio,
não tinha profissão, nem artes, nem missão.
Exú vagabundeava pelo mundo sem paradeiro.
Então um dia, Exú passou a ir à casa de Oxalá.
Ia à casa de Oxalá todos os dias.
Na casa de Oxalá, Exú se distraía,
vendo o velho fabricando os seres humanos.
Muitos e muitos também vinham visitar Oxalá,
mas ali ficavam pouco,
quatro dias, oito dias e nada aprendiam.
Traziam oferendas, viam o velho Orixá,
apreciavam sua obra e partiam.
Exú ficou na casa de Oxalá dezesseis anos.
Exú prestava muita atenção na modelagem
e aprendeu como Oxalá fabricava
as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens,
as mãos, os pés, a boca, os olhos, a vagina das mulheres.
Durante dezesseis anos ali ficou ajudando o velho Orixá.
Exú não perguntava.
Exú observava.
Exú prestava atenção.
Exú aprendeu tudo
Um dia Oxalá disse a Exú para ir postar-se na encruzilhada
por onde passavam os que vinham à sua casa.
Para ficar ali e não deixar passar quem não trouxesse
uma oferenda para Oxalá.
Cada vez mais havia mais humanos para Oxalá fazer.
Oxalá não queria perder tempo
recolhendo os presentes que todos ofereciam.
Oxalá nem tinha tempo para as visitas.
Exú tinha aprendido tudo e agora podia ajudar Oxalá.
Exú coletava os ebós para Oxalá.
Exú recebia as oferendas e as entregava a Oxalá.
Exú fazia bem o seu trabalho
e Oxalá decidiu recompensá-lo.
Assim, quem viesse à casa de Oxalá
teria que pagar também alguma coisa a Exú.
Quem estivesse voltando da casa de Oxalá
também pagaria alguma coisa a Exú.
Exú mantinha-se sempre a postos
guardando a casa de Oxalá.
Armado de um ogó , poderoso porrete,
afastava os indesejáveis
e punia quem tentasse burlar sua vigilância.
Exú trabalhava demais e fez ali sua casa,
ali na encruzilhada.
Ganhou uma rendosa profissão, ganhou seu lugar, sua casa.
Exú ficou rico e poderoso.
Ninguém pode mais passar pela encruzilhada
sem pagar alguma coisa a Exú.

Fonte: PRANDI, Reginaldo, Mitologia dos Orixás - São Paulo: Companhia das Letras,2001.


Comentário: Na própria obra Prandi faz comentários sobre o Itàn citado. Assim que o li captei a mensagem transmitida. O aprendizado iniciático no candomblé ocorre de forma lenta e gradual. Essa é uma das máximas do candomblé. Sempre disse aos meus filhos, "Candomblé se aprende com olhos e ouvidos". Isso deve-se ao fato de nossa religião ser transmitida oralmente, ou seja, de não haver uma "coletânea" de todos os rituais presentes em nossa religião.

Prandi enfatiza ainda o fato de o número 16 transmitir a idéia de perfeição para o povo Yorubá. Vale ressaltar que no culto de Ifá, o 16 é o número indicativo do Odú Aláfia, na ordem de resposta do jogo de búzios, por Oseturá. Para nós candomblessistas, Aláfia é indicativo de confirmação, pleno êxito, contentamento, felicidade e lucros.

O Itàn acima faz referência também ao Orixá Exú no sentido de que é sempre o primeiro a receber suas oferendas nos rituais de candomblé. No candomblé costumamos dizer que Exú é Òjisé, aquele que conduz as  nossas mensagens e pedidos. No idioma Yorubá, a palavra Òjisé significa literalmente "mensageiro, criado".
(Essas são as minhas percepções sobre o mito acima, espero ter colaborado, Pai Lucas de Odé).

terça-feira, 1 de março de 2011

Conheça a Èwè Abàfè, a popular pata-de-vaca

Èwè - Folhas


ABÀFÈ





Nomes populares: pata-de-vaca, unha-de-boi, unha-de-vaca, pata-de-boi, unha-de-anta, bauínia, bauínia-de-flor-branca, bauínia-de-flor-rosa, insulina vegetal.

Nome científico: 1) Bauhinia forticata Link, Leguminosae
                         2) Bauhinia candicans Benth
                         3) Bauhinia perpurea L

Elementos: Terra/faminino

De origem discutível, pois alguns autores afirmam serem nativas da Ásia e da África Tropical; Todavia, uma grande maioria cita as Bauínias como plantas originárias da América do Sul. As três espécies citadas ocorrem regularmente em todo o território nacional.
Embora não seja uma planta muito freqüente na liturgia dos vegetais, a pata-de-vaca é usada no Àgbo e banhos para os filhos de Obaluaiê (branca) e a de Oiá (púrpura), em algumas casas de santo.
A Bauhínia perpurea, que possui rosas escuras ou púrpura, segundo alguns usuários, não são indicadas para combater a glicosúrea; todavia, tem aplicação litúrgica.
Como fitofármaco, tanto a B. forticata (flores brancas e pétalas finas) quanto a B. candicans (flores brancas de pétalas largas) são amplamente conhecidas não só nos terreiros, como também pela população geral, pois as duas são morfológicamente muito semelhantes, sendo usadas para combater a diabetes.
Em outras indicações, sempre sob a forma de chá, ou de decocção, as folhas dessas leguminosas são usadas internamente contra infecções renais, incontinência urinária e poliúria, e, externamente, no combate a elefantíase.

Oiá recebe o nome de Iansã

Itàn - Lendas:


A finalidade de todo mito é atribuir sentido, explicar, justificar ou transmitir um ensinamento ou conduta de comportamento sobre  algo. Existem outras variantes desta lenda retratada no livro de Reginaldo, mas todas têm em comum a proibição sobre Oyá e suas filhas de comerem o carneiro.O agutã, bem como qualquer derivado desse animal, é portanto um "Eó", uma quizila (proibição) atribuída a todas as filhas de Oyá.


Pai Lucas de Odé

Oiá recebe o nome de Iansã, mãe dos nove filhos


Oiá desejava ter filhos, mas não podia conceber.
Oiá foi consultar um babalaô e ele mandou que ela fizesse um ebó.
Ela deveria oferecer um carneiro, um Agutã,
Muitos búzios e muitas roupas coloridas.
Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos.
Quando ela passava, indo em direção ao mercado,
O povo dizia: "Lá vai Iansã. Lá ia Iansã, que quer dizer
Mãe nove vezes.
E lá ia ela orgulhosa ao mercado vender azeite de dendê.
Oiá não podia ter filhos,
Mas teve nove, depois de sacrificar um carneiro.
Em sinal de respeito, por ter seu pedido atendido,
Iansã, a mãe dos nove filhos, nunca mais comeu carneiro.

Fonte: PRANDI, Reginaldo, Mitologia dos Orixás - São Paulo: Companhia das Letras,2001.