Reflexão do dia:

Reflexão da semana

"Ser de Candomblé não se limita ao fato de ter uma religião, é, sobretudo, um modo de vida".
Pai Lucas de Odé

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Do catolicismo ao Candomblé, peculiaridades diferenciam Finados entre religiões

Paula Maciulevicius - CGnews  - publicado em 2/11/2011 / (Foto: Simão Nogueira)
 A movimentação dentro e fora dos cemitérios já anuncia de longe que hoje é Dia de Finados. Entre flores, velas e rezas, as mais diversas crenças celebram de forma peculiar o dia de relembrar os já falecidos. O Campo Grande News foi de perto, observar de católicos a iniciados no Candomblé, como cada doutrina comemora a data na Capital.

Um dia antes do Finados, seguindo a tradição da família, as irmãs Docelina Santana e Maria Helena Santana já estavam preparando o cantinho em que os pais estão enterrados no cemitério Cruzeiro, para a data.

As duas lavavam o mausoléu para que hoje os outros nove irmãos viessem prestar as homenagens. Todo o ano, os filhos se reúnem, rezam o terço, acendem velas e colocam flores, assim como manda a tradição.

O costume com raízes no catolicismo, foi passado de pai para filho. A família sempre foi Católica, as filhas viam a mãe indo visitar o túmulo do marido, coisa que passou adiante, assim como recebeu dos pais.

Dentro do tradicional rito de homenagem, o que chama atenção das irmãs é ver que o que foi passado de geração em geração vem perdendo força. "Está diminuindo o número de pessoas que vão no Dia de Finados visitar os parentes, na época de jovem, era comum ver os pais ensinando isso para os filhos, um carinho importante, mesmo por quem já morreu", defendem.
Católicas, irmãs falam de tradição que passou de geração em geração e que hoje é vista com menos força. (Foto: Simão Nogueira)

Ainda de acordo com Maria Helena, hoje o que se vê são poucas pessoas e só aquelas mais velhas. "Não é que já morreu que você vai deixar de visitar e o dia é importante pela correria que é a vida, ajuda a parar e pensar, rezar pela pessoa no dia destinado à ela", acrescenta.

Ao contrário dos católicos, no Candomblé até o clima fúnebre é deixado para trás. A data é mesmo de comemoração e dentro da Casa da própria religião, dispensando a ida ao cemitério. Entre cânticos, danças e a preparação dos pratos ritualísticos, os iniciados na religião veem o feriado como momento de reverenciar os antepassados.

"É muito difícil a gente ir ao cemitério, é um dia mais intimista, até o nosso luto é branco e não preto", explica a Iyalorisa, que significa popularmente Mãe de Santo, Zila Dutra.

Nesta quarta-feira o que se vê na casa Ilè Dará Agan Oyá Asé Elegbara Omodé, na Capital, é a preparação de uma verdadeira festa. Gente por todo canto que começa a chegar por volta das 10 da manhã, e fica até à noite, quando começa o ritual de reverenciar os ancestrais. No dia de hoje, os iniciados no Candomblé não fazem sexo e não bebem, em forma de respeito.

Na oferenda entram comidas baseadas na culinária baiana, chamadas ritualísticas e algumas bebidas.

Diferentemente do que virou hábito durante o feriado, de viagens e descanso, a Mãe de Santo e o Babalorisa Lucas Junot, mais conhecido como Pai de Santo, deixaram de lado uma programação em nome da reverência a que se deve o dia.
 
"Nós até íamos viajar, mas não vamos porque temos esse compromisso. A gente abre mão, nos privamos do feriado para fazer homenagens", explicam. Hoje eles esperam em torno de 35 pessoas em uma cerimônia que apesar de coletiva, será em tom "intimista".

A ligação com o corpo sepultado nos cemitérios é um mero detalhe perto de toda questão. "A nossa lembrança não está ligada ao corpo, mas ao espírito", afirma a Mãe Zilá.

Os preparativos e a cerimônia tomam a agenda do dia do dois, que são mãe e filho. "Não adianta ir ao cemitério, levar flor e chorar por 10 minutos, é uma dia bem mais delicado", coloca a Mãe de Santo.

A Umbanda, que tem um pé nas religiões africanas misturado à influência do Catolicismo, passa a data indo aos cemitérios. Segundo a Mãe Marlem da Conceição Francisco, o dia das almas é sagrado e deve ser comemorado com alegria e não tristeza. "A morte nada mais é do que libertar a alma para um novo mundo", ressalta.

As idas, segunda ela, são frequentes e não só neste dia.

Marlem foi criada vendo acompanhando visitas e homenagens em cemitérios, filha de um coveiro e uma zeladora do Santo Antônio, ela relembra que ia até túmulos com um respeito muito maior do que o observado hoje, durante o Dia de Finados. "A frequência de ir, o cuidado com o túmulo, isso ainda existe só que muito pouco, ficou muito leviano. Não tem mais aquele cuidado, aquele carinho, até mesmo pela correria do dia-a-dia que se faz presente", coloca.

Mãe Marlem explica que o dia é importante para todo mundo e aos seguidores da Umbanda também, por ser regido no campo do Cruzeiro de Omulu, que no Catolicismo significa São Lázaro, que ressuscitou e Inhasan que sincretiza Santa Bárbara, regente da alma do cemitério.

A comemoração mesmo fica para outra data, no dia de Omulu. Mas a cada "filho" cabe fazer a própria oração e a visita ao túmulo dos já falecidos. "É o meio de ele se aproximar se houver alguma dívida da vida carnal, receber perdão e ser amparado por laços especiais", diz.

Para os budistas, a data não significa ir necessariamente ao cemitério, já que a religião prega que a forma mais adequada de armazenar os restos mortais é pela cremação. Quem explica é o administrador de empresas Marco Matsubara. "Depositar em uma urna é mais agradável. O cemitério é um conceito ocidental", diz.

A questão da lembrança dos mortos acontece em casa mesmo, ou então em uma cerimônia denominada "Shokô", com rezas e uso de incenso na sede do Budismo na Capital. "A gente ora em prol da pessoa falecida, oferece orações à ela pelo próprio renascimento".

Seguindo a doutrina, Marco até já tem onde depositar sua própria urna depois de falecido. "É uma questão de opção pessoal, no meu caso já tenho uma urna no Palácio Memorial em São Paulo, é uma forma mais respeitosa de preservar", detalha ele que só tem 40 anos.

Desde esta terça-feira, os espíritas entraram em uma semana de palestras em comemoração à vida, com ensinamentos que veem mostrar que a morte não existe.

Já as igrejas evangélicas se mantém ainda mais afastadas da data em reverência aos mortos. Seguidor da Igreja Universal, José Divino é pastor e diz seguir o que está escrito na Bíblia.

"Deve-se buscar a comunhão com Deus em vida. Não tenho costume de ir ao cemitério, rezar e fazer missa aos mortos porque a gente acredita que não existe purgatório", diz.

Segundo a religião, o homem morre apenas uma vez e depois segue para o juízo final. "Se tiver que acertar alguma coisa é em vida, depois de morto não há o que fazer, não tem comunicação.

O que existe é que vamos conservar a memória das pessoas, o amor o respeito que elas deixaram, mas não indo ao cemitério, ali só estão os restos mortais", acredita José Divino.

Para os evangélicos, a Bíblia não recomenda nenhum tipo de celebração aos mortos.

Os muçulmanos seguem uma linha bem próxima, não comemoram outras datas além do final do jejum no período de Ramadã e a peregrinação à Meca.

"O Islamismo não comemora o dia de Finados, a gente acredita que no juízo final o homem vai responder por tudo o que praticou. Tudo o que se faz deve ser com olhos no Paraíso e devemos buscá-lo através das nossas ações", conta a dentista Badr Abu Ghadara.

Ela ainda coloca que o muçulmano pode ir ao cemitério quando quiser, não precisa seguir uma data e hora específica. "Muitas famílias vão, mas não que seja obrigado. Qualquer dia que se for ao cemitério sempre deve se fazer uma oração, embora isso não seja considerado um ritual", contextualiza.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Cuidado com o charlatanismo, "Falsos profetas" fazem promessas e estorquem internautas

Por Pai Lucas de Odé

Na tarde dessa quinta-feira, 26, uma pessoa - cujo nome será preservado e aqui chamarei de José - me procurou depois de ver, aqui no Blog do Dambá Odé, que sou um sacerdote do Candomblé. José contou que por problemas amorosos recorreu a um suposto zelador, que de outro Estado, prometeu-lhe trazer a pessoa amada por meio de trabalhos espirituais. No entanto, para isso José teve que depositar  o valor de R$ 300 reais para o suposto pai de santo, que seria o custo pelo trabalho.

É comum no Candomblé os zeladores cobrarem pelos procedimentos que realizam, entre eles pelo jogo de búzios. Isso porque o templo religioso, a casa de candomblé, terreiro, roça, também tem os custos de sua manutenção, como água, luz, IPTU, entre outros. Os custos dos trabalhos prestados ficam a cargo do zelador, que negocia com quem o procura da forma como bem entender. Até aí tudo bem, nada de errado.

No caso de José, o dinheiro foi depositado, o suposto pai de santo disse que fez o trabalho e nada aconteceu. São os famosos trabalhos de "amarração", procurados por muitas pessoas que querem recuperar alguma perda amorosa. 

Infelizmente, como em todos os seguimentos religiosos, no Candomblé também existem charlatões. José me falou de um chat na internet que reúne diversas pessoas que compartilham experiências sobre trabalhos espirituais para esse fim. Entrei para ver. Fiquei horrorizado. Pessoas de diversos lugares do mundo, estorquidas por supostos zeladores, tudo para acalentar seus corações. O problema é que o "amor prometido em 'x' dias" nunca voltou.

Isso abre uma discussão interessante acerca dos trabalhos de "amarração" e da postura dos zeladores do candomblé, ou de qualquer seguimento religioso similar. Amarração existe? É possível trazer a pessoa amada em 'x' dias? O tema é polêmico. Muitos zeladores realizam esses trabalhos, mas o que está por traz desse procedimento?

Seria anti-ético da minha parte querer falar por todos os zeladores espirituais do candomblé, mas vou expressar a minha opinião particular, fundamentada na forma como eu trabalho. Quando uma pessoa me procura solicitando trabalhos para esse fim, minha primeira orientação é que o interessado se disponha a consultar o jogo de búzios - o oráculo do Candomblé. Só assim o sacerdote tem condições de saber se aquele relacionamento tem alguma possibilidade de acontecer ou não.

Nunca ouvi falar de qualquer trabalho que faça brotar amor entre duas pessoas (se soubesse eu seria casado com a Juliana Paes). É necessário que exista o mínimo necessário para que isso aconteça. Quando o jogo de búzios aponta que existe um sentimento entre aquelas duas pessoas e que aquela relação pode ser boa para ambos, a missão do sacerdote é apenas a de reaproximá-las. 

Como isso acontece? Na minha forma de tratar esses casos, essa reaproximação depende do bem estar espiritual dos envolvidos. Como uma pessoa carregada de energias negativas vai estar "interessante" ou sucetível para alguém? Não tem como. É necessário que a outra parte veja o que há de bom na pessoa que lhe deseja e para isso essa pessoa tem de estar com suas energias positivas e essas energias serão, sem dúvida, atrativas a outrem.

Toda pessoa nasce com suas próprias energias. Essas energias são muito peculiares. É isso que nos torna tão diferentes uns dos outros e complexos. É isso que nos torna compatível com alguém, que nos dá sorte para determinadas coisas e a falta de sorte para outras. Como tudo no mundo, o ser humano tambem é polar, logo suas energias também tem uma polaridade, ou seja, o aspecto negativo e o positivo reunidos. Essas energias necessitam ser tratadas para que possamos viver o que há de mais positivo em nós mesmos.

Feito isso, o sacerdote pode trabalhar outras energias que potencializem a sorte da pessoa. Vale ressaltar que essas energias, particulares, não podem ser "despachadas", visto que compõe aquela pessoa. Elas, repito, devem ser tratadas.

Ao meu ver, promessas de trabalhos bem sucedidos, feitos à distância, após um pagamento prévio, podem ser indício de golpe. Só realize o procedimento dessa forma se você tiver total e absoluta confiança naquele zelador. Muitas vezes pessoas - que nem zeladores são - pegam o dinheiro das pessoas e sequer fazem algum trabalho.

De preferencia para os trabalhos presenciais, quando você não tiver conhecimento sobre o zelador. No Candomblé, tudo que fazemos envolve energias. Como beneficiar, ou tornar positiva a energia de alguém, cuja energia não está presente? Isso só é possível quando o sacerdote tem um elo com você. Invista primeiro em conhecer o zelador, faça uma amizade com ele, para que ele tenha o mínimo de conhecimento sobre você e consiga ao menos mentalizá-lo quando for realizar algum trabalho em seu benefício.

Outra dica é investigue a conduta do sacerdote. Procure saber da sua história, converse com pessoas que já foram atendidas por ele, procure casos de sucesso, se ele tem uma profissão, se depende financeiramente dos trabalhos que realiza para subsistir, entre outros fatores.

Podem existir sacerdotes que procedem de outras formas, não os condeno, mas como ser humano pensante que sou - crítico e racional - e depois de vários anos de sacerdócio, não faria sentido qualquer promessa milagrosa de amor.

Espero ter colaborado. Asé Ire O! Òdabó!

Santo André sedia conferência "A IMORTALIDADE YORÙBÁ" no próximo dia 13

Com Aulo Barretti Filho
Pesquisador e professor da religião tradicional Yorùbá e da afro-brasileira. Babalórìsà do candomblé Ilé Àse Ode Kitálesi (em São Paulo, Brasil) e Asojú Oba Alákétu (em Kétu no Benin).


A referida conferência será realizada pela FUNACULTY – Fundação de Apoio ao Culto e Tradição Yorùbá no Brasil, que desde 1985 fomenta as questões sócio-culturais do povo yorùbá no Brasil.

Nossa proposta torna-se pertinente durante o mês de novembro, por se tratar do mês da consciência negra e por 2011 ser, o Ano Internacional dos Afrodescendentes, decretado pela ONU – Organização das Nações Unidas.

Neste sentido nosso objetivo é fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação aos descendentes de africanos e promover o respeito à diversidade e herança culturais.

Resumo

Os conceitos filosóficos e religiosos de vida e morte, não podem ser compreendidos, se não entendermos alguns conceitos teológicos desta cultura, principalmente de dois princípios fundamentais, o do complexo òrun-àiyé e de enìkejì. Refletiremos ainda sobre outros temas imprescindíveis que se interligam e esclarecem a noção de pessoa e o caminhar do homem yorùbá.

Dia

Dia 13 de novembro de 2011
Das 9 às 17 horas

Local

Anfiteatro da Prefeitura Municipal de Santo André
Praça IV Centenário, s/n - Centro - Santo André


Programação

9 às 10h – Recepção
10 às 11:15h – Grupos Étnicos / Anatomia religiosa do Orí e sua funções / O Òsù
11:15 às 11:30h – Intervalo para café
11:30 às 13h – Complexo Òrun-Àiyé e Olódùmarè / Noções do sagrado Oráculo de Ifá
13 às 14 h – Intervalo para Almoço
14 às 15:15h – O Nascer: Àjàlámòpín e os ìpín / O Enìkejì / Ìwàpèlé e o Igbá-Orí
15:15 às 15:30h – Intervalo para café
15:30 às 17h – O Morrer: Ìrànà / Àsèsè / Imortalidade / Égún e o Egúngún

Inscrição

De 01 de outubro a 13 de novembro pelo e-mail ou pessoalmente com Pedro Caires ou Pedro Neto.

Forma de Inscrição

Preencher ficha de inscrição, em anexo, e enviar para funaculty@gmail.com
Serão enviados dados bancários para depósito.

Público-Alvo

A partir de 18 anos de qualquer condição social, etnia, deficiência, gênero, domicílio e ocupação. Estudiosos da cultura e religião yorùbá e/ou afro-descendentes e congêneres, universitários, professores, religiosos e interessados na implementação da Lei n.º 10.639/93.

Investimento

De 01 a 31 de outubro = R$ 100,00
De 01 a 12 de novembro = R$ 120,00
Dia 13/11 = R$ 140,00

Contato p/ Inscrições

Pedro Caires
(11) 4973-8498
(11) 9321-3886 vivo

Pedro Neto
(11) 9801-6687 vivo
(11) 7869-2150 nextel

Èwè - Folhas

Dambá Odé: Èwè - Folhas:

ÀFÒMÓN


Nome popular: Erva-de-passarinho;

Nomes científicos: 1)Phthirusa abdita S. Moore., Loranthaceae
2)Phthirusa teobromae Baill.
3)Psittacanthus calyculatus (DC) G. Don.
4)Phoradendron crassifolium Pohl. et. Sichl. (=Viscum crassifolium Pohl.)
5)Sthuthantus marginatus Blume. (=Sthuthantus flexicaulis Mart, S. Brasiliensis Lam., Lotranthus marginatus Lam., Loranthus Brasiliensis Lank., Phthirusa pyrifolia Eichl.)

Orixás: Obaluaiê, Oxumarê e Nanã

Elementos: Ar/masculino

As diversas espécies existentes, em sua grande maioria, são nativas da América tropical e encontradas no Brasil. Estas plantas vegetam sobre árvores, propagando-se através dos pássaros que comem seus frutos, daí o nome comum de erva-de-passarinho. Embora consideradas parasitas, são, na verdade, hemiparasitas, pois fazem fotossíntese. Sua propagação independe de solo, por isso medram nas mais diversas regiões do país.

Àfòmòn é o nome genérico dado pelos nagôs a diversas plantas que utilizam outros vegetais, principalmente árvores, como substrato. Normalmente pertencem à família das lorantáceas, embora algumas polipodiáceas ou convolvuláceas estejam, também, incluídas nessa categoria. São atribuídas aos orixás Obaluaiê, Nanã e Oxumarê, e empregadas nos rituais de iniciação e banhos purificatórios dos adeptos.

As várias espécies de erva-de-passarinho são utilizadas como remédio, em forma de chá, no combate a gripe, resfriado, pneumonia e bronquite. Todavia, embora suas sementes sejam comidas pelos pássaros, para as pessoas são consideradas muito adstringentes e, de algumas espécies, tidas como venenosas.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Abertas inscrições para a I Oficina de Povos Tradicionais de Terreiro


Estão abertas as inscrições para selecionar participantes para a I Oficina Nacional de Elaboração de Políticas Públicas de Cultura para Povos Tradicionais de Terreiros. A Chamada Pública foi divulgada hoje, 21 de outubro de 2011, no site do Ministério da Cultura.
A oficina – que acontecerá, de 27 a 30 de novembro, em São Luis, Maranhão – é uma iniciativa da Secretaria de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura e tem como objetivo subsidiar a construção de políticas públicas de cultura para Povos Tradicionais de Terreiros com vistas à proteção, promoção e consolidação de suas tradições, reconhecendo seus ritos, mitologias, simbologias e expressões artístico-culturais.
As inscrições poderão ser realizadas de 22 a 31 de outubro, mediante preenchimento de formulário pelo SALICWEB no endereço: http://sistemas.cultura.gov.br/propostaweb/.
No ato da inscrição, deverão ser anexadas cópias dos seguintes documentos: comprovante de residência, CPF, RG, currículo (ou breve histórico de vida) e carta de indicação da liderança do terreiro ao qual o candidato pertence (quando for o caso de candidatar-se à categoria “Representante de Povos Tradicionais de Terreiros”). A inscrição será validada apenas se forem preenchidos todos os campos solicitados. Os inscritos serão avaliados e selecionados pela Comissão de Organização da Oficina de Elaboração de Políticas Públicas de Cultura para Povos Tradicionais de Terreiros, conforme estabelece a Portaria Nº 28, de 12 de Agosto de 2011, Diário Oficial da União- seção 2.
Chamada Pública (clique aqui)Tutorial para inscrição (clique aqui)
Inscrições on-line (clique aqui)
Fonte: Ministério da Cultura

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Itàn - Lendas

Dambá Odé: Itàn - Lendas: O banquete do Rei

Certa vez, um dos Obá que reinava na cidade de Oyó instruiu seu criado para ir ao mercado e encontrar a melhor de todas as comidas para ser servida em uma grande festa que estava sendo preparada.


O criado tomou o caminho e chegou ao local onde estavam sendo abatidos alguns bois. Examinou todas as partes do animal que lhe foram oferecidas e optou pela língua. Feita a compra retornou ao palácio.

Tão logo chegou, o Obá foi verificar o que seu criado havia escolhido como alimento principal para a sua festa. Surpreso com o que via, perguntou: "Por que você escolheu a língua, se existem coisas melhores para serem servidas? Eu pedi para você trazer o que havia de melhor."

O criado, então, respondeu: "Grande Obá, a língua é, a meu ver, a coisa mais importante do mundo. Não é verdade que com a língua um homem pode falar? Com sua língua ele pode instruir seus criados, aconselhar os filhos a viver uma vida saudável. Com a língua, um Obá comanda um reino e conclama seus exércitos para as batalhas. Com a língua, dois amigos dialogam, um babalaô comunica as mensagens de Ifá, o poeta recita versos, o conselheiro aconselha os governantes, e a mulher canta para o seu recém-nascido. De todas as comigas, a língua é, certamente, a mais notável."

O Obá ouviu tudo com atenção e pensou: "Esse criado é observador. O que ele diz é verdade. Mas vou testar sua sabedoria." Falou, então, para o criado: "De fato, acho que você tem toda razão. Mas agora eu preciso de mais alguma coisa. Volte ao mercado e traga para mim a pior de todas as comidas."

O criado ouviu aquilo, deixou o que tinha trazido na cozinha do palácio e, outra vez, tomou rumo em direção ao mercado. Lá comprou, novamente, uma outra língua e voltou. Procurou o Obá e fez a entrega daquilo que considerava a pior de todas as comidas.

O Obá, olhando para a língua que o criado trouxera, perguntou-lhe: "Por que você trouxe a língua novamente? Ela é a melhor de todas as comidas, isso eu já sei. O que eu quero é a pior de todas." O criado replicou: "Grande Obá de Oyó, a língua é tanto a melhor quanto a pior comida". O Obá continuou sem entender nada: "Agora, como pode ser a pior se também é a melhor?".

E o criado respondeu: "A língua é uma coisa boa, mas também é uma coisa ruim. Com a língua, um homem malicioso fala coisas nocivas, faz disse me disse e traz desgraça a uma comunidade. Com a sua língua, o criado pode desrespeitar a autoridade de seu senhor. E não é o patrão que usa sua língua para dizer palavras ásperas aos seus criados? Com sua língua a esposa desperta a discórdia e desfaz um lar. Um conselheiro usa a língua para dar conselhos ruins para um Obá. E o Obá, com sua língua, que ordena aos seus guerreiros que partam e encontrem a morte. E não é um executante que usa sua língua para ordenar a morte de uma pessoa?
Sim, grande Obá, senhor e rei de toda Oyó, a língua é realmente a pior de todas as comidas".

O Obá tornou a refletir sobre o que tinha ouvido, não encontrando nada para recriminá-lo. Pelo contrário, levou em consideração o seu senso de observação e a inteligência com que o assunto havia sido encarado. E imediatamente, o Obá destituiu o seu criado da função que exercia e o nomeou chefe de uma comunidade próxima a cidade, a fim de que ele colocasse em prática toda a sabedoria que possuía.

Fonte: BENISTE, José. Mitos Yorubás: o outro lado do conhecimento - Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,2006.

Conclusão: Essa é uma narrativa que corre entre o povo Yorubá, servindo até como parábola, podendo muito bem ser aplicada a qualquer tipo de sociedade. Entre alguns, a figura do Obá, o rei, não é se não a de Obatalá e a do criado seria a de Orunmilá, que responde às perguntas com sabedoria que lhe é peculiar, mostrando seus conhecimentos sobre as coisas do mundo.

Olubajé - O banquete do Rei

Por Pai Lucas de Odé

Anualmente, no mês de agosto, o Ilè Dará Agan Oyá Asé Elegbara Omodé - casa de Candomblé Ketu, situada em Campo Grande - MS - celebra a tradicional festa em homenagem Omolú/Obaluaiyè, o Olubajé (O banquete do Rei).
Neste ano, o festejo aconteceu no dia 21 de agosto e contou com a presença do Babalorisá Carlito de Osumarè, do Ilè Olá Omi Asé Opò Araká, da Iyalasé Pâmela de Osòguiyán, Elemosó Vinícios de Osòguiyán e Asobá Irineu, todos do Ilè Olá, em São Paulo.

Omolú/Obaluaiyè  é o Orisá que deflagra a peste, mas que também tem o poder de controlá-la e promover a cura. É ele o Orisá que chamamos de Rei da Terra, também é encontrado nos raios solares e seu calor,domina o mundo dos espíritos - juntamente com Oyá - e regula a influência dos mortos sobre os humanos, entre outras atribuições.

O Olubajé compõem-se de uma série de comidas ritualísticas de Obaluaiyè, dispostas em panelas de barro, que são servidas a todos os presentes sobre folhas de mamona. O propósito é que todos comunguem com o Rei de sua comida, abençoada pelo próprio Orisá, por meio dos cântigos e danças, a fim de serem abençoados com saúde e prosperidade, ao mesmo tempo em que se purificam e se libertam de energias ruins.

Na mitologia dos Orisás, existe um itán (lenda) que faz referência à cerimônia. Existem variações acerca da mesma passagem, mas Reginaldo Prandi, em seu livro "Mitologia dos Orixás" (Companhia das Letras,2001) narra da seguinte maneira:

Obaluaê tem as feridas transformadas em pipoca por Iansã

Chegando de viagem à aldeia onde nascera,
Obaluaê viu que estava acontecendo
uma festa com a presença de todos os orixás.
Obaluaê não podia entrar na festa,
devido à sua medonha aparência.
Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro.
Ogum, ao perceber a angústia do orixá,
cobriu-o com uma roupa de palha que ocultava sua cabeça
e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos.
Apesar de envergonhado, Obaluaê entrou,
mas ninguém se aproximava dele.
Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho.
Ela compreendia a triste situação de Omolu
e dele se compadecia.
Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão.
O xirê estava animado.
Os orixás dançavam alegremente com suas equedes.
Iansã chegou então bem perto dele
e soprou suas roupas de mariô,
levantando as palhas que cobriam sua pestilência.
Nesse momento de encanto e ventania,
as feridas de Obaluaê pularam para o alto,
transformadas numa chuva de pipocas,
que se espalharam brancas pelo barracão.
Obaluaê, o deus das doenças, transformou-se num jovem,
num jovem belo e encantador.
Obaluaê e Iansã Igbalé tornaram-se grandes amigos
e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos,
partilhando o poder único de abrir e interromper
as demandas dos mortos sobre os homens.
Outras versões do mesmo mito, dizem ainda que após o acontecimento é que os Orisás reconheceram Obaluaiyê como um importante Orisá e passaram a oferecer a ele, anualmente, o Olubajé. O cântico "oni leuá lessi orisá", faz menção a isso, afirmando que trata-se de um grande senhor, um grande orisá...

Presidente da Fundação Palmares quer ver negros representados nos teatros, cinemas e na TV


Daiane Souza - extraído de www.palmares.gov.br


Há exatamente um ano (20 de outubro de 2010) entrava em vigor o Estatuto da Igualdade Racial, lei que estabelece diretrizes para a garantia de oportunidades à população negra brasileira. Considerado importante ferramenta na construção de condições para a promoção da igualdade racial, o documento possibilita a correção de disparidades históricas, no que se refere aos direitos ainda não plenamente desfrutados por 51% da população do país.

Por muitos séculos, os afrodescendentes enfrentaram inúmeras lutas para garantir o acesso à participação política e aos direitos constitucionais. O próprio Estatuto levou praticamente uma década para ser aprovado. Em entrevista, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, então ministro da Secretaria de Políticas para Promoção da Igualdade Racial quando sancionada a lei, falou dos avanços para a democracia nacional com o Estatuto da Igualdade Racial.

Ascom/FCP - O que significa o Estatuto da Igualdade Racial?
Eloi - É a forma mais democrática e legal para que sejam asseguradas as possibilidades de acesso aos bens econômicos e culturais a toda a nação de maneira igualitária. O primeiro diploma legal incluído no arcabouço jurídico brasileiro, desde 1888, tendo em vista a construção de ambiente de igualdade de oportunidade entre negros e não-negros.

Ascom/FCP - Com o Estatuto os direitos da população negra estão de fato assegurados?
Eloi – Eles estão colocados de forma que a população negra os acesse. A construção da igualdade de oportunidades a todas as raças será resultado de uma grande comunhão e o Estatuto é apenas um dos primeiros passos de uma longa caminhada, que a nação tem que percorrer, para estabelecer a democracia.

Ascom/FCP - Como avalia o primeiro ano do Estatuto?
Eloi – É um ano de conhecimento. O Brasil inicia um processo de apropriação desta legislação. É uma lei moderna que traz ao mundo jurídico a instituição das ações afirmativas, estabelecendo as formas como elas devem ser implementadas em todas as áreas da atividade humana.
No primeiro ano os governos começaram a implementá-lo. Por exemplo, o estado do Rio de Janeiro adotou a política de cotas nos concursos públicos de nível superior. O Itamaraty estabeleceu percentual para o ingresso de pretos e pardos. Passamos por um momento de apropriação deste documento quando o movimento negro e a sociedade civil do nosso país iniciam um processo de construção da verdadeira igualdade.

Ascom/FCP - O que falta para a sua regulamentação?
Eloi - Devem ser estabelecidas imposições para que o Estatuto tenha a eficácia plena como deve ser. Um processo de estudo e empenho da sociedade civil, além de uma aceleração por parte dos órgãos do governo que têm responsabilidade na sua regulamentação para que seja promovido o acesso direto ao que estabelece a lei.

Ascom/FCP - Qual o papel da Fundação Cultural Palmares para a implementação?
Eloi - A contribuição do negro na construção do nosso país é imensurável, por isso, somente por meio de políticas públicas que valorizem a cultura afro-brasileira e dêem mais visibilidade à população negra na sociedade estaremos promovendo de fato uma maior equidade. Para isto, a Fundação Cultural Palmares tem entre as suas competências a promoção de ações afirmativas, o reconhecimento das comunidades remanescentes de quilombos e a valorização da cultura.
A Fundação Cultura Palmares deve dar ênfase ao que dispõe a regulamentação do Artigo 17 do Estatuto da Igualdade Racial que garante o reconhecimento das sociedades negras, clubes e outras formas de manifestação coletiva da população negra. Com base nisto, a FCP pretende levar ações para todos os segmentos da cultura afro-brasileira: gastronomia, música, dança, literatura, capoeira e tradições como jongo, maculelê, tambor de crioula e congada, além de colaborar substantivamente, para as áreas de comunicação, educação quilombola e defesa das religiões de matriz africana.

Ascom/FCP - Com a Lei, qual a perspectiva para os próximos anos?
Eloi – A perspectiva é termos uma projeção da cultura afro-brasileira nos teatros, nos cinemas, televisão, casas de espetáculos com protagonistas negros e negras. A nação tem 51,2% de pretos e pardos e é preciso que sejam representados em todo o ambiente nacional. Estamos avançando para que a nação seja mais igual, mais justa e mais fraterna.

O Axé e seus desdobramentos em cena...

Um filme sobre a espiritualidade, ecologia e conflitos do cotidiano urbano.Jardim das Folhas Sagradas oferece o debate sobre bissexualidade, intolerância religiosa e preconceitos étnicos, ao mesmo tempo em que expõe a intimidade do Candomblé e discute a degradação das áreas verdes nas cidades vitimadas pela especulação imobiliária.
É o resultado de um amplo projeto de pesquisa a respeito da religião afro-brasileira, um olhar revelador da sua intimidade. Parte de um conceito analítico, até crítico, sobre o Candomblé, e revela detalhes de uma crença pouco conhecida além dos círculos da sua existência.


Jardim das Folhas Sagradas traz no elenco excelentes atores baianos, desde o conhecido João Miguel (Estômago (2007) e Melhor Ator no Festival do Rio 2005 porCinema, Aspirinas e Urubus (2005)), aos estreantes no cinema nacional, mas de longa carreira no teatro baiano, a exemplo de Érico Brás (atualmente no quadro fixo do programa Tapas&Beijos, da TV Globo), Harildo Deda e Antônio Godi – que encarna o protagonista da trama. Temos ainda Evelin Buccheger, Sérgio Guedes e experientes atores do Bando de Teatro Olodum. A surpresa fica por conta da participação especial da cantora Mariene de Castro, debutando enquanto atriz, e Virgínia Rodrigues, tida pelo The New York Timescomo “uma das mais impressionantes cantoras que surgiu no Brasil nos últimos anos”.
O filme de Pola Ribeiro, entre outras apresentações, foi exibido no Festival de Filmes Brasileiros de Los Angeles (EUA), de onde saiu laureado com o Prêmio de Melhor Fotografia (do diretor Antônio Luiz Mendes).

Fundação Cultural Palmares promove ciclo de palestras

Texto extraído de www.palmares.com.br

Na próxima quarta-feira (26), começará o Ciclo de PalestrasCultura Afro-brasileira: nosso patrimônio. O evento é uma iniciativa da Fundação Cultural Palmares em comemoração ao Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes e ao Dia da Consciência Negra e será realizado nos meses de outubro e novembro em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília. 

O Ciclo de Palestras será aberto ao público e colocará em discussão temas ligados às comunidades quilombolas, ao valor histórico das religiões de matriz africana, gastronomia afro-brasileira, valorização da capoeira, Estatuto da Igualdade Racial, Lei 10.639/03, ações afirmativas e o negro nos meios de comunicação. 

As palestras resultarão na publicação de livros da Coleção Conheça Mais, com o objetivo de atender à demanda de material didático na área de cultura afro-brasileira, de acordo com a Lei nº 10.639/2003. As obras devem ser distribuídas nas escolas, bibliotecas e para a sociedade em geral. 

Confira a programação: 

26 de outubro 
São Paulo 
Conheça mais… Ações afirmativas 

Palestrante
José Vicente - Reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares

Conheça mais… Candomblé, Umbanda e Quimbanda 

Palestrantes
Jorge Arruda – Professor e secretário executivo do Comitê Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CEPPIR/PE)
Vilson Caetano de Souza Júnior _ Professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Local: Auditório da Faculdade Zumbi dos Palmares – Marginal Tietê, altura do nº 10.200 (Dentro do Clube de Regatas Tietê)
Hora: 14h às 18h 

17 de novembro
Rio de Janeiro

Conheça mais… O que é capoeira? 

Palestrantes
Mestres Camisa (José Tadeu Carneiro Cardoso) e Luiz Renato Vieira 

Conheça mais… Gastronomia afro-brasileira 

Palestrante
Ana Ribeiro – Chefe Executiva em Gastronomia 

Local: Auditório da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – Av. Graça Aranha, nº 1, 13º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ
Hora: 14h às 18h 

19 de novembro
Salvador

Conheça mais… Lei nº 10639/2003 

Palestrante
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e relatora do Parecer/MEC, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana 

Conheça mais… O negro nos meios de comunicação 

Palestrante
Maurício Pestana – Diretor Executivo da Revista Raça Brasil 

Local: Universidade do Estado da Bahia (UNEB) - Auditório Jurandir Oliveira -Rua Silveira Martins nº 2555 – Cabula
Hora: 9h às 12h 

23 de novembro
Brasília 

Conheça mais… Estatuto da Igualdade Racial 

Palestrantes
Benedito Cintra – Assessor Parlamentar/ DF
Augusto Henrique Pereira de Sousa Werneck Martins – Procurador do Estado do Rio de Janeiro e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) 

Local: St. Paul Plaza Hotel – SHS Quadra 2, Bloco H
Hora: 14h às 18h 

24 de novembro
Brasília

Conheça mais… Quilombos contemporâneos: resistir e vencer 

Palestrante
Glória Moura – Professora da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora de Comunidades Remanescentes de Quilombos 

Local: St. Paul Plaza Hotel – SHS Quadra 2, Bloco H, Brasília (DF)
Hora: 14h às 18h

Dia da Consciência Negra poderá ser feriado nacional

Publicado por Missões Quilombo em 24 outubro 2011 às 18:11 em Consciência Negra

O Senado Federal aprovou ontem (20) projeto que declara feriado nacional o 20 de Novembro – Dia da Consciência Negra e o enviou à sanção da presidenta Dilma Roussef. Caso seja sancionado, este será o primeiro feriado do país originário da mobilização social, principalmente do movimento negro. A data já é reconhecida e celebrada como feriado em mais de 200 cidades, inclusive três capitais (São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá).

A comemoração do 20 de Novembro como Dia Nacional da Consciência Negra surgiu na segunda metade dos anos 1970, no contexto das lutas dos movimentos sociais contra o racismo. O dia homenageia Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil, morto em uma emboscada, no ano de 1695, após sucessivos ataques ao Quilombo de Palmares, em Alagoas. Desde 1995, Zumbi faz parte do panteão de Herois da Pátria.

Nas últimas décadas, o 20 de novembro tem sido dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e sobre as consequências do racismo para a vida das pessoas e para o desenvolvimento do país. Apesar do ponto alto da celebração coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares – 20 de Novembro – a cada ano, as atividades alusivas a esta data são expandidas ao longo do mês, ampliando os espaços de discussão sobre as questões raciais.

Anualmente, um número cada vez mais significativo de entidades da sociedade civil, principalmente o movimento negro, tem se mobilizado em todo o país, em torno de atividades relativas à participação da pessoa negra na sociedade em diferentes áreas: trabalho, educação, segurança, saúde, entre outras.

* Projeto Original
O projeto original que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (PLS 520/03), de autoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), previa apenas a data, mas não o feriado. Na justificação da matéria, Serys argumenta que sua proposta visa criar uma oportunidade para a reflexão sobre o preconceito ainda existente na sociedade brasileira.
Aprovado pelo Senado, o texto foi enviado à Câmara dos Deputados e apensado a outra proposta (PLS 302/2004), que propunha o dia 20 de novembro como feriado nacional.



* Feriados
Uma vez sancionado, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra será o nono feriado nacional, juntamente com as seguintes datas: 1º de janeiro (Confraternização Universal), 21 de abril (Tiradentes), 1º de maio (Dia do Trabalho), 7 de setembro (Independência do Brasil), 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida), 2 de novembro (Finados), 15 de novembro (Proclamação da República) e 25 de dezembro (Natal).

Há ainda quatro datas comemorativas móveis, as quais, embora popularmente conhecidas como feriados nacionais, não são reconhecidas como tal pela legislação brasileira – Terça-Feira de Carnaval, Sexta-Feira da Paixão, Domingo de Páscoa e o Corpus Christi.

* Textos extraídos do Portal do Senado

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Diversidade como valor da sociedade brasileira

Por Juliana Souza




Conscientizar-se de que o Brasil é um país multiétnico, é reconhecer que nesta diversidade, não só europeus, mas negros e índios também têm papeis de maior relevância para a sociedade. Este reconhecimento colabora para que a sociedade brasileira identifique as influências, as contribuições, a participação e a importância da história e da cultura dos negros no seu jeito de ser, de viver, de se relacionar. A  formação social brasileira e sua identidade tem base na “mistura das três raças”, conforme Clara Nunes.


extraído de www.painelbrasiltv.com.br

Oficina gratuita ensina animação para cinema a jovens de Salvador

O curso acontece entre os dias 22 e 26 de agosto, das 8h às 12h, na Sala Alexandre Robatto
Ibahia.com
Uma oficina gratuita de animação está sendo oferecida pela Mostra Curto Encontro, evento que promove a exibição de curtas-metragens em Salvador e outras 12 cidades baianas. Ministrado pelo realizador mineiro Leonardo Cata Preta, o curso acontece entre os dias 22 e 26 de agosto, das 8h às 12h, na Sala Alexandre Robatto, resultando na produção coletiva de um filme que será exibido pela TVE.

Para participar é preciso ter conhecimento em Photoshop e idade mínima de 18 anos. O curso tem 20 vagas e as inscrições seguem até o dia 15 de agosto. Os interessados devem preencher o formulário disponível no site
www.tabuleiroproducoes.com.br.

O evento oferece ainda a oficina “Documentário de curta-metragem”, com Clarissa Rebouças, com turma já fechada e composta por adolescentes moradores de Alagados. As oficinas resultarão na produção de dois curtas-metragens, que serão exibidos na TVE-Bahia.

Comunidade negra realiza Festa do Folclore

Correio do Estado

A Associação dos Pequenos Produtores das Furnas do Dionísio promove nos dias 13 e 14 de agosto o 1º Folclore Fest, no município de Jaraguari. Segundo os organizadores serão dois dias de festas, com shows com duplas sertanejas, apresentações de danças, barracas (comidas típicas), leilões, dentre outras atrações.
Na opinião do secretário geral da Coordenação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas de Mato Grosso do Sul (Conerq/MS), Antônio Borges dos Santos, também presidente do Instituto Casa da Cultura Afro-Brasileira de Mato Grosso do Sul (Iccab), a Comunidade de Furnas do Dionísio está muito bem organizada. Segundo ele, as atividades são realizadas com a participação de todos, incluindo estudantes, adultos e jovens da região. “É a união de todos que faz a comunidade se mobilizar”, disse Borges.
O evento conta com o apoio de políticos e de representantes das secretariais municipais de Agricultura, Finanças, Administração, Turismo, Esporte e Saúde, do município de Jaraguari.
Histórico
De acordo com as pesquisas de estudiosos, a comunidade foi fundada por volta de 1890, por Dionísio Antônio Vieira. Atualmente conhecida como Furnas do Dionísio, Furnas fica ao pé da Serra de Maracaju, distante a 45 quilômetros da Capital sul-mato-grossense, localizada no município de Jaraguari (MS). É constituída de pequenos sítios e chácaras, onde atualmente vivem mais de 400 moradores, agrupados em aproximadamente 100 famílias. A produção de mandioca, cana-de-açúcar e seus derivados é a principal fonte de renda da comunidade.
Programação
1ª Folclore Fest
Dia 13 de agosto
Apresentação de danças a partir das 20 horas.
Show e baile com dupla sertaneja.
Barracas (pescaria e alimentos com produtos típicos).
Dia 14 – a partir da 12 horas – Grandioso churrasco.
Torneio de Futsal a partir das 9 horas.
Coroação da rainha do Folclore Fest, às 17 horas.