Reflexão do dia:

Reflexão da semana

"Ser de Candomblé não se limita ao fato de ter uma religião, é, sobretudo, um modo de vida".
Pai Lucas de Odé

segunda-feira, 18 de julho de 2011

África Diversa - I encontro de cultura afro-brasileira

Prefeitura do Rio e Secretaria Municipal de Cultura apresentam
de 17 a 22 de julho de 2011

Centro Municipal de ArtesCalouste Gulbenkian

* O Encontro

O Brasil recebeu e ainda recebe uma grande influência da África na formação de sua identidade. A riqueza e diversidade das manifestações culturais, grupos, artistas e pesquisadores que encontramos em nosso território e que dialogam com a cultura de alguns países do continente africano nos comprovam a veracidade desta afirmação.

O projeto "África Diversa: I Encontro de Cultura Afro-Brasileira" traz uma programação que inclui shows, apresentações, oficinas, mini-cursos, contações de histórias, mostra de cinema, livraria, lançamentos de livros, palestras e um seminário; no intuito de mostrar um panorama da diversidade cultural afro-brasileira e africana.

As atividades vão privilegiar em sua abordagem os seguintes temas: a formação de identidades da cultura afro-brasileira, sua diversidade cultural, a relação entre tradição e contemporaneidade, o diálogo África-Brasil e a importância da transmissão oral nestas sociedades.

O primeiro encontro será de 18 a 22 de julho de 2011 e será realizado no Centro Municipal de Artes Calouste Gulbenkian, na Praça Onze com artistas como Naná Vasconcelos (PE), François Moïse Bamba (Burkina Faso), Raíz de Polon (Cabo Verde). No dia 17 de julho, dia anterior à abertura oficial, dois cortejos bastante simbólicos - a Guarda de Moçambique de Nossa Senhora das Mercês e a Guarda de Congo de Nossa Senhora do Rosário da cidade de Oliveira, Minas Gerais - que cantam e dançam uma tradição iniciada antes de 1888, mas que hoje ainda se encontra viva e em constante movimento, farão cortejos pela cidade do Rio de Janeiro. Em Copacabana, estes grupos vão encontrar o mar, cantando e louvando as tradições de Nossa Senhora do Rosário, surgida das águas. Já na Praça XV, local da assinatura da lei que libertou os escravos, os tambores, gungas e patangomes - instrumentos utilizados pelos Congadeiros - vão mostrar a força da cultura negra.

Dentro da programação do "África Diversa", criamos um Seminário que inclui duas mesas, três mini-cursos e oito oficinas para a formação de 120 educadores, com a participação de nomes como Alberto da Costa e Silva, Nei Lopes, Emanoel Araújo. Esta ação vai colaborar na demanda da abordagem de questões ligadas à cultura afro-brasileira em sala de aula, trazendo novas questões, olhares e reflexões sobre essa temática no Brasil e na África, rememorando a nós, brasileiros, quem somos e os diversos caminhos, experiências e realidades que encontramos do lado de lá e de cá do Atlântico.

Daniele Ramalho
Curadoria

sexta-feira, 15 de julho de 2011

15 de julho


*No dia 15 de julho de 1984 (27 anos atrás), acontecia no Equador a primeira conferência sobre a mulher negra nas Américas.

RJ abrigará museu em homenagem ao Almirante Negro



Passados 131 anos do nascimento de João Cândido Felisberto, o Almirante Negro que lutou pelo fim dos castigos corporais no início do século XX e pela melhoria das condições de trabalho na Marinha terá em sua homenagem um museu na cidade fluminense de São João do Meriti, onde viveu seus últimos anos. O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, reuniu-se no dia 12 de julho com o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), José do Nascimento Júnior, e o prefeito do município de São João do Meriti, Sandro Matos, no Rio de Janeiro, para acompanhar o andamento do processo de implantação do museu e discutir algumas possibilidades de parcerias internas e externas.

“Este projeto vai aumentar o valor cultural da Baixada Fluminense e elevar a autoestima de sua população. Será o primeiro museu dedicado a este que é um dos maiores heróis da história brasileira”, disse o presidente da Palmares. Para a Fundação, é importante que a população brasileira reconheça a luta do homem que mudou o rumo da história da Marinha e da população negra brasileira ainda no período pós-escravocrata. 

Eloi Ferreira reforça que o museu será uma importante ferramenta para que a história deste heroi seja sempre lembrada. O acervo será doado pela família do marinheiro, pela Palmares e pela Marinha do Brasil.

O memorial que abrigará o histórico da vida e luta do Almirante Negro tem custo estimado em R$ 2 milhões, apenas para um dos quatro edifícios que irá compor o complexo. A arquitetura do prédio principal remeterá a um navio sobre as águas. Dois outros espaços já existem, são casas do período colonial que serão restauradas. A área total do museu será de aproximadamente 700m2. A prefeitura de São João do Meriti, responsável pela obra, prevê o início da construção para o mês de agosto. O presidente Eloi Ferreira afirma que o complexo será entregue o mais rápido possível.

Nascido em 24 de junho de 1880 em Encruzilhada, Rio Grande do Sul, João Cândido pertenceu a uma família de ex-escravos. Aos 13 anos apresentou-se na Companhia de Artífices Militares e Menores Aprendizes no Arsenal de Guerra de Porto Alegre e em 1895 foi transferido para a Escola de Aprendizes de Porto Alegre. Em dezembro do mesmo ano, ingressou na Marinha de Guerra do Brasil. Teve uma carreira extensa de viagens nacionais e por vários países do mundo nos 15 anos que pertenceu à instituição. Era o marinheiro mais experiente e respeitado pelos colegas e oficiais. Apesar disso, era contrário ao tratamento dado aos subalternos, penalidades que persistiam mesmo após as assinaturas da Lei Áurea, em 1888, e do Decreto n°3 do regime republicano, em 1889.

Os castigos a que os marinheiros brasileiros eram submetidos tinham características de tortura e a chibata como principal instrumento “disciplinar”. As penalidades se assemelhavam ao tratamento dado aos escravos pelos capatazes nas fazendas coloniais. No documentário Cem Anos sem Chibata, produzido pela EBC – TV Brasil, o próprio Almirante Negro explica o significado do castigo da chibata: “Era uma corda intitulada linha de barca onde os carrascos colocavam agulhas e pregos. Nus da cintura para cima, os homens eram amarrados em um ferro, expostos e castigados brutalmente”. O registro realizado em 1968 foi a única gravação de voz do almirante.

Em 1910, João Cândido assistiu junto de outros marinheiros a aplicação da pena de 250 chibatadas a que foi condenado seu colega Marcelino Rodrigues Meneses. Liderada pelo Almirante Negro, a tripulação da embarcação Minas Gerais da Marinha se revoltou contra seu comandante e junto a ela se uniram as tripulações de outros três navios. O protesto que ficou conhecido como Revolta da Chibata tinha entre as reivindicações o fim dos maus-tratos psicológicos e das punições corporais, o aumento salarial, melhor alimentação e a anistia aos envolvidos.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A Sociedade Secreta Ògbóni

Por Oluwo Ifarunaola Efunlase - Jornal A Gaxéta

Na Nigéria existe uma tendência muito forte de formar associações e corporações devido a sua grande extensão de terras e também uma forte expressão política, estas associações são formadas com o interesse comum de proteger a população em economia, política, recriação e religião. A sociedade secreta Ògbóni é encontrada em terras Yorubá, e sustentada pela tradição de ter surgido nos primórdios de Ilé Ifè. Venera a terra como fonte da vida, simbolizada pelo orixá Edan...

” Segundo um itan do Odu Irosun-Iwori, num antigo período da história da humanidade, esta vivia em total anarquia, promovendo sucessivos incidentes de roubos, assassinatos e violações de toda ordem de abuso aos códigos éticos ditados pelos ancestrais. Alguns habitantes pediram a interferência de Orunmilá, para que colocasse um paradeiro naquela situação alarmante. Orunmilá ordenou que se realizassem sacrifícios e aqueles que cumpriram as instruções de Ifá prosperaram em segurança. Depois disso, Orunmilá retirou-se aos céus, entregando a Edan a responsabilidade sobre a Terra. Edan firmou um pacto e aqueles que juraram mantê-lo, puderam viver em paz, harmonia, justiça e prosperidade.

Após longo tempo de permanência na Terra, Edan retornou aos céus, delegando a um grupo de pessoas responsáveis a tarefa de supervisionar e fazer cumprir as leis estabelecidas. Este grupo se uniu em fraternidade, tornando-se a conhecida Sociedade Secreta Ogboni. Ainda hoje, Ogboni mantém ritual iniciático baseado num pacto que estabelece e faz cumprir o seu elevado código ético, zelando pela justiça, verdade, lealdade e proteção. A justiça de Ogboni é firmada com a própria Terra – Onilé, que detém a prioridade em todos os ritos. Dela sai o sustento de todos os seres que nela habitam, dela saiu o barro primordial com que Obatalá modelou o ser humano. Dela viemos, nela nascemos e recebemos a oportunidade da vida, dela somos alimentados e a ela alimentaremos, por ocasião da morte.

Conta o itan que Olodunmare concedeu cada reino da natureza a um òrisá, assim, sempre que um ser humano expressasse alguma necessidade relacionada a um dos reinos, deveria pagar uma prenda em forma de sacrifício ao òrisá correspondente. Restou de todos os reinos, o próprio planeta Terra, que foi concedido a Onilé. O seu tributo seria a própria vida, pois nela repousam os corpos e restos de tudo o que já não vive. 

Onilé deveria ser propiciada sempre, para que o mundo continuasse a existir, gerando continuamente, nova vida e assegurando a continuidade do planeta. Com o objetivo de promover a harmonia com a natureza, Ogboni venera Onilé – os senhores da Terra - como fonte da Vida, simbolizada pelo òrisá Edan. Daí resulta que todo aquele que transgredir o pacto estabelecido pela Lei de Ogboni, deverá, – incondicionalmente, prestar contas à Edan – a própria Terra.

Outra atividade dessa sociedade é a de detectar as ofensas feitas aos Orixás, para logo penalizar rigorosamente os culpados. A cerimônia feita por essa sociedade mística se realiza em um lugar sagrado e nesse lugar são depositadas inúmeras oferendas. Graças a seu poder espiritual os Ògbóni podem alcançar posições em nível social e políticos. Eles são facilmente reconhecidos porque usam um Opa-Edan, feito de ferro nas extremidades, ressaltam as figuras de uma mulher e outra de um Homem. O chefe do culto de Ogboni é um iniciado que atinge o grau de Oluwo ( pai do segredo) e é portador do shaki – uma estola que o distingue como detentor de honra e respeito.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Os louros da nossa vitória! Religiosos de matriz africana ganham destaque na imprensa de MS

TVMorena:


Federação faz protesto contra suposto pai de santo



CorreiodoEstado:


Religiões afro-brasileiras chamam

atenção para regulamentação


LAíS CAMARGO 
foto
Foto: Valdenir Rezende
Campo Grade possui 600 terreiros registrados e vários outros na ilegalidade


Pessoas vestidas de branco, atabaques e cantos. Duas senhoras passam pelo centro da Praça Ary Coelho e fazem o sinal da cruz, apertando o passo. É justamente essa imagem que os seguidores dos cultos afro-brasileiros querem quebrar na manifestação que está acontecendo esta manhã na Capital. “Somos um povo de fé, temente a Deus, como outras religiões”, exalta Lucas Junot, babalorixá de candomblé, também chamado de zelador de orixá ou popular e erroneamente conhecido como pai de santo.
Um dos principais motivos para a manifestação é o recente caso de um falso pai de santo que abusava sexualmente de crianças e fazia sacrifícios de cães e gatos em rituais. “Esse caso foi um choque para nós, porque é uma religião de muitos princípios. Não aceitamos alteração de consciência, cultuamos a natureza, lidamos com o cuidado das pessoas”, explica a Yalorixá, Mãe Zilá.
Regulamentação
Com 25 anos de existência, a Fecams (Federação dos cultos afro-brasileiros e ameríndios de Mato Grosso do Sul), afirma que em Campo Grande existem 600 terreiros registrados e em Corumbá o número chega a 1.200. “A Lei estadual 910, de 1989, fala que a liberdade de culto está sujeita à fiscalização e que quem determina se a pessoa é ou não pai de santo, é a federação”, afirma Irbs, presidente do órgão.
Para regulamentar o funcionamento de um terreiro é necessário levar o histórico e o endereço do local até a Fecams para receber o alvará. Há ainda o disque-denúncia, para desarticular o charlatanismo, o 3380-1005.


DiárioDigital:







UHNews:

Măe Zilá: Se fosse um Padre consultariam o Vaticano

Na manhã deste sábado (9) adeptos e simpatizantes das religiões do Candomblé e Umbanda fizeram um protesto na Praça Ary Coelho contra a intolerância religiosa. A Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul (Fecams) organizou o manifesto depois que foi noticiado que um suposto pai de santo abusava sexualmente de crianças.


Segundo o diretor social do Conselho de Candomblé da Fecams, o objetivo do protesto é mostrar a sociedade Sul Mato-grossense que eles são um povo de fé, organizado, de boa conduta e adeptos dos bons costumes. “Estamos aqui para dizer que não haja espaço aos charlatões, que não haja terreiros ilegais que precisamos nos unir para que nossa fé ganhe o espaço e o merecimento que têm. E dizer não a marginalização de matrizes africanas”, ressalta Lucas Junot.


Para realização do manifesto, ouve uma reunião com 60 lideranças religiosas que traçaram diretrizes de como agir diante do charlatanismo. “A sociedade do Candomblé e da Umbanda ficou muito revoltada com essa situação então resolvemos fazer esse manifesto”, explicou mãe Zilá.






Com muita música, atabaques, pessoas vestidas de branco e com cartazes pedindo fim da intolerância, o protesto foi marcado pela alegria, simpatia e curiosidade de quem passava por ali. “É um protesto para mostrar que nós temos união e que dentro da nossa religião isso não existe. Nossos cartazes falam disso, por que nós abominamos esse tipo de atitude desse suposto pai de santo e para que a imprensa mais para frente, quando surgirem casos como esse, procure saber e investigar a procedência da pessoa”, analisa Mãe Zilá.



Itens Relacionados 

Midiamax:

Praticantes protestam contra preconceito e falsos sacerdotes de religiões afro-brasileiras


Rodson Willyams

O episódio de um homem que, se apresentando como 'pai-de-santo', teria abusado sexualmente de crianças durante supostos rituais religiosos, provocou a reação dos praticantes de religiões afro-brasileiras e ameríndias, como o candomblé e umbanda.
Neste sábado (9) eles realizaram um protesto no centro de Campo Grande em repúdio ao caso policial e ao preconceito. Vestidos à caráter, praticantes chamaram a atenção na Praça Ary Coelho e explicaram detalhes dos cultos afro-brasileiros desconhecidos pela maior parte da população.
De acordo com o presidente da Federação dos Cultos Afro-Brasileiros e Ameríndios do Estado de Mato Grosso do Sul (Fecams), Irbs Barbosa dos Santos, é necessário esclarecer e tranquilizar a população. “Nós queremos deixar bem claro a toda população que este homem não era filiado à Fecams. Nós não o conhecíamos, ele não fazia parte do nosso meio. Todos nós aqui somos pessoas idôneas e de respeito”, explica.
Para o presidente, o caso do homem que se passou por falso sarcedote pode acontecer. “Hoje somos 5 mil templos no Estado, mas apenas 600 são filiados à Federação. Isto que aconteceu pode acontecer novamente. Por isso, nós já procuramos o apoio policial para coibir", conta.
A yalorisá Mãe Zilá, de 55 anos, diz que nem o termo 'pai-de-santo' é usado mais. “Hoje não se utiliza esses termos mãe-de-santo ou pai-de-santo. Nós somos yalorisá, babalorisá, ou simplesmente sacerdotes. A expressão 'centro espírita' também não se utiliza mais. No nosso caso, temo templos. E hoje nós queremos que a população saiba que somos pessoas idôneas, que temos a nossa religião", resume.
Ela revela que, logo após o caso se tornar público, chegou a temer pela própria segurança. “Eu fiquei com muito de ser apedrejada na rua, e tudo por causa de uma pessoa que a gente sequer conhece”, comenta.
FECAMS
Segundo o presidente da Fecams, quem mantém templos deve se filiar à Federação. “Nós queremos que todos fiquem amparados pela lei estadual 910, que prevê que o templo só pode funcionar com um alvará, que nós emitimos. Desta forma, a população vai poder ser certificar sobre a idoneidade da pessoa”, explica.
Quando os requisitos para filiação são atendidos, a entidade emite um laudo e uma carteirinha, além de uma certidão de idoneidade, para os frequentadores se certificarem de que é um templo reconhecido.

Diferenças
As diferenças entre ritos muitas vezes causam confusão. Segundo o preticante de uma religião afro-brasileira Luiz Junot, de 54 anos, candomblistas seguem uma religião africana e cultuam orixàs, enquanto umbandistas têm raízes religiosas indígenas e cultuam pretos-velhos, numa religião exclusivamente brasileira. "Eles colocaram as imagens dos santos da Igreja Católica para cultuar seus orixás”, explica.
Amparim Lakatos
Famílias praticantes se reuniram no centro de Campo Grande contra o preconceito

Ainda segundo ele, todas as religiões praticam o bem. "A nossa não é diferente. Praticamos o amor e todos somos irmãos”, conclui.









CampoGrandeNews:


Religiosos pedem fim de preconceito e alertam sobre aproveitadores

“Não existe isso de ‘trago seu amor em sete dias’”


Aline dos Santos e Anny Malagolini

Protesto em praça foi ao som de atabaques. (Foto: Anny Malagolini
Comuns no vocabulário popular, termos como pai de santo e macumba nem existem oficialmente no candomblé e na umbanda.Na tentativa de esclarecer equívocos e mudar a visão pejorativa sobre as crenças de matriz africana, um grupo de religiosos foi à praça Ary Coelho, coração de Campo Grande, neste sábado.

Ao som de atabaques e com cartazes pedindo fim da intolerância, o protesto foi motivado após a imprensa divulgar que um pai de santo abusava sexualmente de crianças durante rituais no Jardim Montevidéu.

De acordo com o sacerdote Luiz Junot, além de nem existir o nome pai de santo no candomblé, o acusado em questão não tem registro na Fecams (Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul).

“O sacerdote é tratado apenas como pai”, explica Junot. Segundo ele, são necessários sete anos para a pessoa chegar ao posto de sacerdote. “Essa pessoa não é sacerdote, mas um doente”, salienta.

Ele ainda explica que não existe o termo macumba, mas sim trabalhos. Para o grupo, as crenças sofrem preconceito pela origem ligada aos escravos e, agora, pela ação de aproveitadores.

“Não existe isso de ‘trago seu amor em sete dias’. Não temos poderes. O único poder é a espiritualidade para fazer o bem”, afirma o sacerdote Irbs Barbosa do Santos, representante da umbanda.

Os religiosos enfatizam que os mal intencionados se aproveitam das fragilidades humanas, como a busca por amor e dinheiro. Uma das exigências é que o sacerdote tenha idoneidade moral.

Sobre a prática de sacrificar animais, a explicação é que o sangue aspergido significa vida. Já a carne é consumida ou doada. De acordo com Irbs, nas celebrações da umbanda não há sacrifício de animais.

“No culto do candomblé, são sacrificados seis cabritos e seis galinhas”, explica Irbs. A dança e o canto dos religiosos chamaram a atenção na praça. Evangélica, Maria Oliveira conta que já frequentou terreiros. “Acho muito lindo a cultura deles”, afirma.

Conforme dados da Fecams, em todo estado estima-se que existam 7 mil terreiros registrados, 400 em Campo Grande e 600 deles em Corumbá.

Crime - A Polícia Civil chegou até ao acusado de estuprar crianças durante rituais após denúncias. Ele foi detido, ouvido e liberado. Em seguida, foi pedida a prisão preventiva e o homem está foragido.

Conforme a denúncia, ele dilacerava galinhas vivas na frente das vítimas. Em seguida, ficava nu e as mandava tocar no seu órgão genital, alegando que iriam ganhar força. O sangue dos animais era espalhado pelo corpo das crianças. A casa do acusado foi incendiada.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Midiamax noticia protesto de umbandistas e candomblessistas amanhã na Ari Coelho

Umbandistas e Candomblessistas realizam manifestação amanhã na praça Ari Coelho
 Alexander Onça com assessoria

Adeptos e simpatizantes das religiões Candomblé e Umbanda comparecerão à praça Ari Coelho neste sábado às 9h para realizar uma manifestação contra a intolerância religiosa. Realizada pela Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul (Fecams) e a sociedade religiosa do Candomblé e da Umbanda, a ação contará também com representantes do Movimento Negro e capoeiristas de Campo Grande. Em Corumbá os religiosos também aderiram à manifestação e realizarão o ato no mesmo dia e horário na Praça da Independência. 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Site Campo Grande News divulga protesto em defesa das religiões de matriz africana no próximo sábado

Na tarde desta quinta-feira (7), a reportagem do site Campo Grande News entrou em contato com a diretoria da Fecams para saber sobre a manifestação em defesa das religiões de matriz africana, a realizar-se no próximo sábado (9).

Veja na íntegra a matéria, que foi veiculada por volta das 15h.



Religiosos de Candomblé e Umbanda fazem manifestação contra falso pai de santo

Federação de Cultos Afro-brasileiros oferece telefone para denúncias de terreiros clandestinos



Paula Maciulevicius


Religiosos de Candomblé e Umbanda fazem manifestação em defesa das crenças de matriz africana no próximo sábado, a partir das 9h, na Praça Ary Coelho, em Campo Grande. O protesto é contra o falso pai de santo que abusava sexualmente de crianças no bairro Jardim Montevidéu.

Simultaneamente o manifesto vai acontecer também na Praça da Independência, em Corumbá.

Os religiosos vão às ruas com trajes e acessórios ritualísticos e atabaques, para dizer à sociedade, com cartazes com as frases “não à intolerância religiosa” e “somos um povo de fé, não de crime”, eles protestam contra os equívocos cometidos desde que o caso do falso pai de santo veio à tona, na semana passada.

No protesto estarão presentes sacerdotes e adeptos da Umbanda e do Candomblé, representantes do Movimento Negro e capoeiristas.

Segundo o diretor social do Conselho de Candomblém da Fecams (Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul), Lucas Junot, desde que o caso foi noticiado, a Federação se manifestou através de nota de esclarecimento, que não reconhece o acusado como sacerdote ou praticante de Umbanda ou Candomblé e que nenhum ritual envolve relação sexual e contato físico em partes íntimas.

A ideia do manifesto veio de uma reunião ocorrida ontem com 60 lideranças religiosas que traçaram diretrizes de como agir diante do charlatanismo do pai de santo.

Conforme dados da Fecamis, em todo estado estima-se que existam 7 mil terreiros registrados, 400 em Campo Grande e 600 deles em Corumbá.

Lucas Junot explica ainda que a Constituição prevê liberdade religiosa ao mesmo tempo que estipula que os Candomblé e Umbanda tem de estar organizados em uma instituição. A Fecams disponibiliza o telefone 3380-1005 para denúncias de terreiros clandestinos.

Umbandistas e Candomblessistas realizam manifestação na praça Ari Coelho no próximo sábado

A Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul (Fecams) e a sociedade religiosa do Candomblé e da Umbanda, realizam no próximo sábado (9), uma manifestação na Praça Ari Coelho, às 9h. O objetivo da ação é protestar contra a marginalização das religiões de matriz africana, em decorrência do caso do falso "pai de santo" do Jardim Montevidéu, em Campo Grande, veiculado pela imprensa no dia 29 de junho.

Vestidos com os trajes ritualísticos do Candomblé e da Umbanda, sacerdotes, adeptos e simpatizantes comparecerão à praça com atabaques, cartazes contra a intolerância religiosa, a marginalização da religião e a favor da liberdade de expressão e da desmistificação dos fatos antes da veiculação na imprensa.

Religiosos de Corumbá aderiram à manifestação e realizarão, simultaneamente, o mesmo ato na Praça da Independência, na cidade branca.

Estarão presentes sacerdotes e adeptos da Umbanda e do Candomblé, representantes do Movimento Negro, capoeiristas, entre outros membros da sociedade civil organizada.

(Nota para divulgação do evento)

Religiosos de matriz africana de Corumbá aderem à manifestação do próximo sábado

Na tarde de hoje (7), a comunidade religiosa de Corumbá, por meio do babalorisá Cremilson, entrou em contato com a diretora do Conselho de Candomblé da Fecams, a iyalorisá Zilá ti Oyá, para dizer que os religiosos da cidade branca também vão aderir à manifestação em defesa das religiões de matriz africana do próximo sábado (9).

Os corumbaenses irão se concentrar no mesmo horário, 9h, na Praça da Independência, em Corumbá, vestidos à caráter, com atabaques e cartazes em defesa da liberdade religiosa e de expressão e contra o tratamento dado ao caso do acusado de abusar sexualmente de crianças no bairro Montevidéu, em Campo Grande.

Nosso movimento está ganhando proporções estaduais. Compareça, divulgue, apoie você também essa causa! Axé!

Fecams fala ao vivo no programa O Povo na TV

Na manhã desta quinta-feira (7), os representantes de Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul (Fecams), compareceram à praça Ari Coelho, no Centro de Campo Grande, para falar ao vivo no programa O Povo na TV, do apresentador Raul Freixes, veiculado pela TV Campo Grande, afiliada do SBT, sobre o manifesto em defesa das religiões de matriz africana, que acontecerá às 9h, no próximo sábado (9).

Apesar do programa não destinar o link ao vivo da praça Ari Coelho para esse tipo de anúncio, o espaço teve a aprovação da direção do programa. Ao lado do presidente da Fecams e sacerdote de Umbanda, Irb`s, da diretora do Conselho de Candomblé e Iyalorisá, Zilá ti Oyá, pai Lucas de Odé aproveitou para esclarecer publicamente o caso do falso pai de santo do Montevidéu e disse que "a Fecams e a sociedade religiosa de matriz africana de Mato Grosso do Sul não reconhece o acusado como sacerdote, nem tampouco praticante de Umbanda e Candomblé".

O apresentador do programa Raul Freixes afirmou que considera de extrema importância o ato de manifestação do próximo sábado (9). "É importante que a população saiba que existe uma federação que representa esses religiosos, dessa forma não há espaço para charlatões", disse Freixes.

Outra vez as religiões de matriz africana, por meio da Fecams e seus diretores, conseguem dar voz ao povo do axé! Vamos em frente!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Religiosos Candomblé e Umbanda organizam protesto no centro de Campo Grande

Em reunião na última quarta-feira (6), religiosos de matriz africana - Candomblé e Umbanda - reuniram-se na sede da Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul (Fecams) para debater o tratamento midiático, dado ao caso do falso pai de santo que abusava sexualmente de crianças no bairro Jardim Montevidéu, em Campo Grande.

Mesmo após diversos esclarecimentos prestados pela Fecams e por sacerdotes da religião, muitos órgão de imprensa insistem em estampar "pai de santo" em suas manchetes e chamadas. Diante disso, ficou acordado na reunião uma manifestação em praça pública, a fim de protestar contra o crime e contra os equívocos cometidos.

Os religiosos irão comparecer à praça Ari Coelho no próximo sábado (9), às 9h, vestidos com seus trajes e acessórios ritualísticos, atabaques, para dizer à sociedade sul-mato-grossense frases como "não à intolerância religiosa", "merecemos respeito", "somos um povo de fé, não de crime", entre outras.

Estarão presentes sacerdotes e adeptos da Umbanda e do Candomblé, representantes do Movimento Negro, capoeiristas, entre outros membros da sociedade civil organizada.

Compareça, divulgue, apoie essa causa! Axé!

Mãe Zilá e Pai Lucas prestam esclarecimentos sobre o Candomblé no site UH News

Desde o dia 29 de junho, quando foi divulgado pela imprensa o caso de um suposto pai de santo que abusava sexualmente de crianças em "rituais" no bairro Montevidéu, em Campo Grande, comprometemo-nos a sair de nosso terreiro e procurar "voz" nos veículos de comunicação, a fim de desmistificar o Candomblé e as religiões de matriz africana como um todo.


Cansados da marginalização feita com o nome de nossa religião e considerando insatisfatórios os primeiros esclarecimentos prestados pelo Presidente da Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul (Fecams), Irb`s, travamos uma batalha por espaço na imprensa, cumprindo com nosso papel de sacerdotes e diretores do Conselho de Candomblé da Fecams.

No começo dessa semana fomos convidados pelo site UHNews para gravar entrevista para o programa Pinga Fogo e esclarecer as distorções cometidas pela imprensa.

Na tarde de ontem, depois de, novamente, o MSTV primeira edição - telejornal da afiliada da TV Globo -, insistir em tratar o acusado como "pai de santo", entramos em contato com a produção da emissora e exigimos uma retratação, por meio da divulgação da nota de esclarecimento que encaminhamos.

Ainda na terça-feira (5), uma repórter do jornal Correio do Estado entrevistou a sacerdotisa do Ilè Dará para dizer a sociedade que o acusado não é um sacerdote. Às 18h foi publicada a matéria.

Hoje o UHNews divulgou a entrevista, realizada em quatro blocos. Veja a seguir:


Primeiro bloco:

Segundo bloco:

Terceiro bloco:

Quarto bloco:

terça-feira, 5 de julho de 2011

Correio do Estado acata esclarecimentos sobre suposto pai de santo do Montevidéu

Seis dias depois de veiculado o caso do "pai de santo" acusado de abusar sexualmente de crianças no bairro Montevidéu, em Campo Grande - MS, alguns órgão de imprensa acataram os esclarecimentos prestados pela sociedade religiosa do Candomblé, representada pelos sacerdotes mãe Zilá de Oyá e pai Lucas de Odé, dirigentes do Ilè Dará Agan Oyá Asé Elegbara Omodé.

A repórter do Correio do Estado, Laís Camargo telefonou para o Ilè Dará, na tarde desta terça-feira (5), para pedir esclarecimentos sobre o caso, sob a ótica religiosa. As informações foram prestadas pela Iyalorisá Zilá ti Oyá, sacerdotisa e adepta do Candomblé há mais de 35 anos. O texto a seguir traz na íntegra a notícia veiculada. Reparem na diferença de tratamento do acusado.

Precisamos reivindicar nosso direito de resposta sempre que situações como esta, envolvendo o nome da nossa religião, sejam um elemento facilitador da marginalização de nossa fé. Estamos mais tranquilos agora...

Homem que realizava rituais sexuais bizarros e abusava de menores está foragido

Família pediu medidas de proteção e garantia de que ele fique em cela individual caso se entregue

LAÍS CAMARGO 05/07/2011 18h00 
 
Já foi expedido o mandado de prisão do falso pai de santo que realizava rituais sexuais e abusou de três crianças, inclusive a própria filha, no Bairro Montevidéu, em Campo Grande. Ele está foragido e teve a casa incendiada no sábado (2); por isso a família entrou em contato com a DPCA (Delegacia de Proteção a Criança e o Adolescente) pedindo medidas de proteção e garantia de que o acusado, de 35 anos, fique em cela individual caso venha a se entregar.

A delegada responsável pelo caso, Regina Mota, já ouviu os depoimentos das crianças, que estão recebendo acompanhamento psicológico e médico em um abrigo. Duas filhas de 6 e 8 anos dos vizinhos e a própria filha de 5 anos de idade do falso religioso eram obrigadas a tocar os órgãos genitais dele para que “adquirisse força”. Ele também afirmava incorporar entidades e realizava sacrifício de cães e gatos, que pertenciam às crianças, deixando-as ainda mais perturbadas.

Os pais das meninas de 6 e 8 anos foram indiciados por abandono de incapaz e corrupção de menores, mas responderão em liberdade. Foi provado que eles não levavam as meninas para os rituais, que elas escapavam e iam por si sós até o local.

Religião

A Federação de Candomblé de Campo Grande não reconhece essa prática como parte dos rituais da religião. “O candomblé abomina esse tipo de comportamento, nossa sociedade desconhece essa pessoa como sendo Pai de Santo, ele não consta em nossos registros. A única coisa que explica esse comportamento é loucura e insanidade, isso não é religião”, afirma Mãe Zilá, diretora do conselho da federação. Quanto aos sacrifícios de animais, o candomblé realmente realiza, mas de maneira ritualística e não com cães e gatos, mas com animais aproveitados para alimentação posterior.

Nos trabalhos feitos pelo acusado, a intenção seria unir os casais e dar mais força para o homem. As pessoas ficavam nuas e ele colocava álcool nos órgãos genitais femininos, pedindo que as mulheres se beijassem. Quando as crianças foram ouvidas, ficou esclarecido que elas não participavam desses trabalhos, mas acompanhavam os pais e viam tudo acontecer, já que a casa era pequena.

O falso pai de santo foi indiciado por estupro de vulnerável e maus tratos a animais e pode pegar até 15 anos de prisão.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Portal da SEPPIR disponibiliza calendário da história e cultura afro-brasileira e africana

 Fatos e episódios importantes da trajetória da população negra - brasileira e internacional - podem ser conferidos, mês a mês, no portal www.seppir.gov.br


No dia 17 de julho de 1978, Grande Otelo, um dos maiores atores negros do Brasil, recebe o título de “Cidadão Paulistano. Em 18 do mesmo mês, no ano de 1918, nasce o líder sul-africano Nelson Mandela, exatamente 10 anos após o nascimento, em 24 de julho, em Pernambuco, do poeta Solano Trindade. Todos os episódios, assim como o Dia da mulher negra, latino-americana e caribenha (25), constam no calendário da história e cultura afro-brasileira e africana, que a SEPPIR disponibilizou hoje (04), no seu portal www.seppir.gov.br.

Clicando nesse link, é possível conferir datas, de janeiro a dezembro, relacionadas a vários episódios da história e cultura afro-brasileira. A ferramenta pode ser útil para a programação de atividades, pesquisa e conhecimento de fatos que marcam a trajetória da população negra brasileira e de outros países. A intenção é dar visibilidade e promover o reconhecimento de personalidades negras, bem como de fatos que retratem a contribuição da população negra para a formação da sociedade.

As informações são oriundas de calendário elaborado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), do Ministério da Educação (MEC)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ainda sobre o caso do suposto "pai de santo"...

O presidente da Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul e umbandista, Irb`s Barbosa de Souza foi extremamente infeliz em suas declarações ao site de notícias Midiamax. Irb`s deu uma declaração ao veículo de comunicação no dia 30 de junho dizendo que “tem gente que espera há mais de 15 anos[para ser pai de santo]. Para ser pai-de-santo precisa ter raiz, outro pai-de-santo tem que indicar”.

Na qualidade de diretores do Conselho de Candomblé da mesma federação informamos que as declarações do presidente não foram submetidas à apreciação deste conselho e que os preceitos informados estão equivocados. Para consagrar-se sacerdote da religião é necessário, antes de tudo, ter a designação dos Orixás. Trata-se de um dom, uma missão espiritual.

A trajetória para tornar-se zelador de Candomblé começa com a iniciação do(a) devoto(a). Ao longo de sete anos, com os devidos preceitos respeitados, a obrigação de sete anos, chamada "Odún Igê", é o divisor de águas da vida religiosa. Caso haja a designação, o religioso recebe os direitos para o sacerdócio, por meio do chamado "Ibaxé". A partir de então o novo sacerdote está apto a realizar procedimentos espirituais em benefício de outrem.

Vale destacar que nem todas as obrigações de sete anos são dadas com o emprego do "Ibaxé". Caso o devoto não tenha vocação para o sacerdócio, ele será considerado apenas "egbomi", o que equivale a maioridade no Candomblé, já que nem todos os iniciados nasceram para tornarem-se sacerdotes.

Outra vez a imprensa colabora para a marginalização do Candomblé...

Por Pai Lucas de Odé

A imprensa sul-mato-grossense noticiou no último dia 29 de junho o caso de um suposto “pai de santo” que abusava sexualmente de crianças em rituais ditos “religiosos”, no bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande. De acordo com a delegada Regina Márcia Rodrigues de Brito Mota, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, o acusado realizava o “ritual” em sua casa. Ele ficava nu e mandava as vítimas pegarem no seu órgão genital, alegando que elas iriam ganhar força.

O que a imprensa sul-mato-grossense não apurou foi a procedência desse dito “sacerdote”. É comum nesses casos as matérias veiculadas seguirem o formato “Pai de santo faz...”, “Pai de santo abusa...”, “Pai de santo comete...”. A estrutura dos títulos é quase que padrão, praticamente obrigatória.

Em seu depoimento à polícia o acusado disse pertencer ao Candomblé, depois a esposa do mesmo – também envolvida no caso – disse que os mesmos praticavam rituais de “mesa branca”. A delegada disse que ao relatar o fato, as crianças mencionavam os nomes de entidades, atribuindo o ocorrido às mesmas, não ao acusado. “Elas não falavam o nome dele. Elas falaram que eram as entidades Zé Pilintra, Tranca Rua, Pombagira, que faziam isso com elas”, declarou a delegada.

Fatos como esse e, sobretudo, notícias veiculadas dessa forma contribuem para a marginalização das religiões de matriz africana e para a manutenção do preconceito, discriminação e intolerância religiosa.

A Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul informou que não consta em seus registros a filiação do acusado, nem tampouco de seu “terreiro”. No Estado, segundo a Fecams, existem cerca de sete mil filiados. Em Campo Grande 400 templos, entre Candomblé e Umbanda, e 600 casas em Corumbá.

Na condição de sacerdote e praticante do Candomblé enfatizo:

O acusado de abusar sexualmente de crianças no bairro Mata do Jacinto, conforme divulgado no último dia 29, não é reconhecido pela federação nem pela comunidade religiosa de matriz africana de Mato Grosso do Sul como sacerdote de Candomblé e nem de Umbanda. As religiões de matriz africana repudiam qualquer ato ilegal, amoral ou desumano em seus rituais, tratando-se de uma religião de princípios éticos, morais e de valorização da família, da natureza e da idoneidade em suas práticas. Por meio desta nota destacamos ainda que nenhum ritual relacionado ao Candomblé e à Umbanda envolve relações sexuais, nem tampouco é permitido o envolvimento entre sacerdotes e devotos, ainda que incorporados em suas entidades.

Nos próximos dias nós travaremos uma dura batalha para conquistar, junto à imprensa o direito de resposta, o direito de dizer a toda sociedade sul-mato-grossense e brasileira que nossa fé não é isso, que somos um povo íntegro, idôneo e que agimos em conformidade com a lei e com os bons costumes. Aguardem!