Todos os caminhos levam a Deus,
dizem. Então o que faria do Candomblé diferente nessa saga? Será que sabemos
conversar com Ele?
O culto a Deus – chamado pelos Iorubas de
Olodumarê - está nas questões mais simples e ao mesmo tempo cruciais do mundo,
diretamente ligado aos elementos responsáveis pela vida humana. Cada um desses
elementos é domínio de um Orixá, que, personificados seriam guardiões/gestores
disso tudo, ou ainda a memória e o saber daqueles que nos precederam na relação
com o considerado divino. É assim com o vento, a água doce, a água salgada, a
terra, o caminho, a floresta, entre outros.
Mediante essa compreensão, cada ser
humano possui uma ligação com pelo menos uma dessas várias parcelas da natureza,
que reunidas correspondem a Deus. Cultuamos e celebramos então a vida, o que
contraria frontalmente a chamada teologia da prosperidade.
Deus não nos ajudará a pagar
contas. Deus não sabe o que é uma fatura. Deus não nos ajudará a financiar um
carro zero, Ele não sabe o que é um carro, nem tampouco uma prestação. E ainda
que soubesse, será que isso é mesmo algo nobre, que mereça ser objeto da nossa
ligação com Ele?
Deus, em suas diferentes parcelas,
pode compreender uma súplica pela chuva, para fertilizar a terra, para fazer brotar
o alimento que sustentará o ser humano. Deus pode atender uma prece pela
perfeita formação de uma criança no ventre da mãe, uma vez que a vida também é
sua criação. Deus pode interceder pelo doente, pode dar discernimento ao
aflito, pode conceder a bênção de uma colheita farta, de uma pesca frutífera,
de uma caça gorda.
Acontece que a vida humana
tornou-se condicionada a supérfluos modernos que Deus desconhece. É fato que é
impossível retroagir, mas ainda podemos preservar valores verdadeiros e rogar a
Ele numa linguagem que Ele possa compreender. Tenho a impressão que Deus está
carente de causas nobres.
Alguém disse: “Quem não sabe rezar
xinga Deus”
Pai Lucas de Odé
Axé Dambá Odé – São Bernardo do
Campo – SP
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