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"Ser de Candomblé não se limita ao fato de ter uma religião, é, sobretudo, um modo de vida".
Pai Lucas de Odé

quarta-feira, 9 de março de 2011

Itàn - Lendas

 Itàn - Lendas:


Oxossi aprende com Ogum a arte da caça


Oxóssi é irmão de Ogum.
Ogum tem pelo irmão um afeto especial.
Num dia em que voltava da batalha,
Ogum encontrou o irmão temeroso e sem reação,
cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia
e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras.
Ogum vinha cansado de outra guerra,
mas ficou irado e sedento de vingança.
Procurou dentro de sí mais forças para continuar lutando
e partiu na direção dos inimigos.
Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer.
Quando por fim venceu os invasores,
sentou-se com o irmão e o tranquilizou com sua proteção.
Sempre que houvesse necessidade
ele iria até seu encontro para auxiliá-lo.
Ogum então ensinou Oxóssi a caçar,
a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas.
Oxóssi aprendeu com o irmão a nobre arte da caça,
sem a qual a vida é muito mais difícil.
Ogum ensinou Oxóssi a defender-se por sí próprio
e ensinou Oxóssi a cuidar da sua gente.
Agora Ogum podia voltar tranquilo para a guerra.
Ogum fez de Oxóssi o provedor.
Oxóssi é irmão de Ogum.
Ogum é o grande guerreiro.
Oxóssi é o grande caçador.
Comentários: Bem como citamos no mito já publicado neste blog, “Ogum dá aos homens o segredo do ferro”, este mito revela que foi Ogum quem transmitiu a Oxóssi o aprendizado da arte da caça, por isso dizemos a Ogum: “akan bi Odé”, o primeiro caçador. Veja também, logo abaixo o mito de Ogum. 
O Itàn revela que mesmo entre os Orixás há irmandade e cumplicidade. Isso nos serve de lição, pois os homens insistem de forma errônea em disputar conhecimento e poder. O mito nos mostra que devemos aprender uns com os outros, ao invés de competir. 
Podemos entender ainda que, mesmo quando estamos cansados, como Ogum no retorno de uma batalha, devemos buscar dentro de nós a força interior e sempre lutar por aqueles a quem temos afeto, bem como por nossa casa e família. 

5 comentários:

  1. Na África, o grupo Òdé - caçadores - sobressai ÒSÒSI , está ligado à terra virgem.Possui muita importância em Kétu, torna-se Alákétu (Rei de Kétu). É àsèsè (princípio dos princípios) dos descendentes de Kétu. Os Oge (chifres de touro) fazem a comunicação entre o Aiyé e Òrún, chamados de : Olugboohun - o senhor escuta a minha voz.
    Ìrùkèrè (Èrùkèrè) - espécie de cetro feitos com pelos do rabo de touro, presos em um couro duro, constituindo um cabo, e revestido com um couro fino, ornado com contas e cauris (búzios). É um dos principais instrumentos dos caçadores e detém poderes sobrenaturais. Na África nem um caçador, se aventuraria, a ir à floresta sem seu ìrùkèrè. É preparado com pós e remédios de diversos tipos, assim como folhas e fragmentos triturados dos animais sacrificados. Antes de serem presas, as raízes dos pelos devem durante algum tempo, ficar imerso num pote com uma combinação de elementos que constituem um asé especial, que lhe conferirá suas atribuições necessárias. Tem o poder de manejar e controlar todo tipo de espíritos da floresta.

    Os pelos do rabo - parte posterior (poente) - representam os ancestrais, espíritos de animais e de todo tipo de espírito da floresta. Deus da caça, ligado às matas, irmão mais novo de Ogun, Odé é também parte dos orixás masculinos cujos princípios também são feitos de ferro. Alegre, jovial, expansivo.

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  2. UM DOS ITAN DE ÒSÒSI, A cada ano, após a colheita, o rei de ijesá¡ saudava a abundancia de alimentos com uma festa, oferecendo a populaçao inhame, milho e etc. O rei comemorava com sua famí­lia e seus súditos;onde as feiticeiras não eram convidadas.
    Furiosas com a desconsideração, enviaram a festa um pássaro gigante que pousou no teto do palácio, encobrindo-o e impedindo que a cerimônia fosse realizada.
    O rei mandou chamar os melhores caçadores da cidade. O primeiro tinha vinte flechas. Ele lansou todas elas, mas nenhuma acertou o grande pássaro. Então o rei aborreceu-se, e mandou-o embora.
    Um segundo caçador se apresentou, este com quarenta flechas; o fato repetiu-se novamente e o rei mandou prende-lo.
    Bem próximo dali vivia òsòsi, um jovem que costumava caçaar à noite, antes do sol nascer; ele usava apenas uma flecha vermelha. O rei mandou chamá-lo para dar fim ao pássaro. Sabendo da punição imposta aos outros caçadores, a mãe de òsòsi, temendo pela vida do filho, consultou um Bàbálawo que aconselhou que se fosse feita uma oferenda para as feiticeiras, ele teria sucesso.
    A oferenda consistia em sacrificar uma galinha e na hora da entrega dizer trs vezes: que o peito do pássaro receba esta oferenda ! Nesse exato momento, òsòsi deveria atirar sua única flecha. E assim o fez, acertando o pássaro bem no peito. O povo então gritava: òsò - wussi, passando a ser conhecido por òsòsi. O rei, agradecido pelo feito, deu ao caçador metade de sua riqueza e a cidade de ketu, "terra dos panos vermelhos", onde òsòsi governou até sua morte, tornando-se depois um òrìsà.

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  3. Continuaçao do itan sobre ÒSÒSI
    Òsòtokansósó, o caçador de uma única flecha.

    Òsòtokansoso contou com a ajuda de sua mãe
    que ofereceu às Iyámi, em uma estrada, uma galinha com o peito aberto, e repetiu três vezes: - Que o peito do pássaro receba esta oferenda

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  4. Oríkì à Osòsì
    Òsòòsì. Awo òde ìjà pìtìpà. Omo ìyá ògún oníré. Òsoosì gbà mí o. Òrìsà a dínà má yà. Ode tí nje orí eran. Eléwà òsòòsò. Òrìsà tí ngbélé imò, gbe ilé ewé. A bi àwò lóló. Òsoosì kì nwo igbó, Kí igbo má mì tìtì. Ofà ni mógàfí ìbon, O ta ofà sí iná, Iná kú pirá. O tá ofà sí Oòrùn, Oòrùn rè wèsè. Ogbàgbà tí ngba omo rè. Oní màríwò pákó. Ode bàbá ò. O dé ojú ogun, O fi ofà kan soso pa igba ènìyàn. O dé nú igbó, O fi ofà kan soso pa igba eranko. A wo eran pa sí ojúbo ògún lákayé, Má wo mí pa o. má sì fi ofà owo re dá mi lóró. Odè ò, Odè ò, Odè ò, Òsoosì ni nbá ode inú igbo jà, Wípé kí ó de igbó re. Òsoosì oloró tí nbá oba ségun, O bá Ajé jà, O ségun. Òsoosì o ! Má bà mi jà o. Ogùn ni o bá mi se o. Bí o bá nbò láti oko. kí o ká ilá fún mi wá. Kí o re ìréré ìdí rè. Má gbàgbé mi o, Ode ò, bàbá omo kí ngbàgbé omo.

    Tradução
    Osòsi ! Ó orisá da luta, irmão de Ògùn Onírè. Oxosse, me proteja ! Orixá que tendo bloqueado o caminho, não o impede. Caçador que come a cabeça dos animais. Orisá que come ewa osooso. Orisa que vive tanto em casa de barro como em casa de folhas. Que possui a pele fresca. Oxosse não entra na mata sem que ela se agite. Ofà é a arma poderosa que o pai usa em lugar de espingarda. Ele atirou a sua flecha contra o fogo, o fogo se apagou de imediato. Atirou sua flecha contra o sol, O sol se pôs. Ó salvador, que salva seus filhos ! Ó senhor do màrìwó pákó ! Meu pai caçador chegou na guerra, matou duzentas pessoas com uma única flecha. Chegou dentro da mata, usou uma única flecha para matar duzentos animais selvagens. Arrasta um animal vivo até que ele morra e o entrega no ojubo de Ogum. Não me arraste até a morte. Não atire sofrimentos em minha vida, com seu Ofà. Ó Odè! Ó Odè! Ó Odè! Dentro da mata, é Oxosse que luta ao lado do caçador para que ele possa caçar direito. Oxosse, o poderoso, que vence a guerra para o rei. Lutou com a feiticeira e venceu. Ó Oxosse, não brigue comigo. Vence as guerras para mim Quando voltar da mata, Colhe quiabos para mim. e, ao colhê-los, tire seus talos. Não se esqueça de mim. Ó Odè, um pai não se esquece do filho.

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