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"Ser de Candomblé não se limita ao fato de ter uma religião, é, sobretudo, um modo de vida".
Pai Lucas de Odé

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Outra vez a imprensa colabora para a marginalização do Candomblé...

Por Pai Lucas de Odé

A imprensa sul-mato-grossense noticiou no último dia 29 de junho o caso de um suposto “pai de santo” que abusava sexualmente de crianças em rituais ditos “religiosos”, no bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande. De acordo com a delegada Regina Márcia Rodrigues de Brito Mota, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, o acusado realizava o “ritual” em sua casa. Ele ficava nu e mandava as vítimas pegarem no seu órgão genital, alegando que elas iriam ganhar força.

O que a imprensa sul-mato-grossense não apurou foi a procedência desse dito “sacerdote”. É comum nesses casos as matérias veiculadas seguirem o formato “Pai de santo faz...”, “Pai de santo abusa...”, “Pai de santo comete...”. A estrutura dos títulos é quase que padrão, praticamente obrigatória.

Em seu depoimento à polícia o acusado disse pertencer ao Candomblé, depois a esposa do mesmo – também envolvida no caso – disse que os mesmos praticavam rituais de “mesa branca”. A delegada disse que ao relatar o fato, as crianças mencionavam os nomes de entidades, atribuindo o ocorrido às mesmas, não ao acusado. “Elas não falavam o nome dele. Elas falaram que eram as entidades Zé Pilintra, Tranca Rua, Pombagira, que faziam isso com elas”, declarou a delegada.

Fatos como esse e, sobretudo, notícias veiculadas dessa forma contribuem para a marginalização das religiões de matriz africana e para a manutenção do preconceito, discriminação e intolerância religiosa.

A Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul informou que não consta em seus registros a filiação do acusado, nem tampouco de seu “terreiro”. No Estado, segundo a Fecams, existem cerca de sete mil filiados. Em Campo Grande 400 templos, entre Candomblé e Umbanda, e 600 casas em Corumbá.

Na condição de sacerdote e praticante do Candomblé enfatizo:

O acusado de abusar sexualmente de crianças no bairro Mata do Jacinto, conforme divulgado no último dia 29, não é reconhecido pela federação nem pela comunidade religiosa de matriz africana de Mato Grosso do Sul como sacerdote de Candomblé e nem de Umbanda. As religiões de matriz africana repudiam qualquer ato ilegal, amoral ou desumano em seus rituais, tratando-se de uma religião de princípios éticos, morais e de valorização da família, da natureza e da idoneidade em suas práticas. Por meio desta nota destacamos ainda que nenhum ritual relacionado ao Candomblé e à Umbanda envolve relações sexuais, nem tampouco é permitido o envolvimento entre sacerdotes e devotos, ainda que incorporados em suas entidades.

Nos próximos dias nós travaremos uma dura batalha para conquistar, junto à imprensa o direito de resposta, o direito de dizer a toda sociedade sul-mato-grossense e brasileira que nossa fé não é isso, que somos um povo íntegro, idôneo e que agimos em conformidade com a lei e com os bons costumes. Aguardem!

5 comentários:

  1. Pai Lucas, a cada dia que passa a nossa religião e desmoralizada por estes indivíduos que se dizem sacerdotes sem o mínimo de responsabilidade moral e ética, para com os seres humanos. A individualidade e a idoneidade de nosso culto nao deve ser confundida com este tipo de desrespeito e falta de caráter.

    A batalha será dura, mas nós temos que lutar...

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  2. Essa situação acontece em todas as religiões posso citar os padres pedófilos e os pastores que roubam o dinheiro do povo, os sacerdotes umbandistas e candomblecistas mais uma vez estão sendo taxados por algo que não acontece por conta de pessoas que usam títulos que não possuem pra cometer atrocidades sem tamanho... É vergonhoso, num país rico em religiosidade ainda acreditar em fatos como esse, não levantando informações junto as pessoas que realmente professam sua fé de forma verdadeira e com seriedade... outras religiões tem o direito de resposta no mesmo momento em que a notícia é dada, então pergunto pq é que somos acusados por conta de uma minoria que não faz parte das casas de candomblé nem umbanda? Nossas entidades são sérias, sinceras e não compartilham o que não é correto... Trabalhamos arduamente com nossos Orixás e nossas entidades para acabar com a crueldade humana e para fazermos a cada dia um mundo melhor!!!!

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  3. É realmente lamentavel esta situção... espero mesmo que consigam o direito de resposta!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Lucas, eu gostaria de saber a localização do centro na Mata do Jacinto. Você tem conhecimento?
    Alguns sites noticiaram Jardim Montevidéo, outros Mata. É o mesmo caso ou são dois diferentes?
    Eu gostaria de saber a localização, caso seja na Mata, por motivos pessoais. Se você souber informar, fico grata.
    Abraços

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