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sexta-feira, 15 de julho de 2011

RJ abrigará museu em homenagem ao Almirante Negro



Passados 131 anos do nascimento de João Cândido Felisberto, o Almirante Negro que lutou pelo fim dos castigos corporais no início do século XX e pela melhoria das condições de trabalho na Marinha terá em sua homenagem um museu na cidade fluminense de São João do Meriti, onde viveu seus últimos anos. O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, reuniu-se no dia 12 de julho com o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), José do Nascimento Júnior, e o prefeito do município de São João do Meriti, Sandro Matos, no Rio de Janeiro, para acompanhar o andamento do processo de implantação do museu e discutir algumas possibilidades de parcerias internas e externas.

“Este projeto vai aumentar o valor cultural da Baixada Fluminense e elevar a autoestima de sua população. Será o primeiro museu dedicado a este que é um dos maiores heróis da história brasileira”, disse o presidente da Palmares. Para a Fundação, é importante que a população brasileira reconheça a luta do homem que mudou o rumo da história da Marinha e da população negra brasileira ainda no período pós-escravocrata. 

Eloi Ferreira reforça que o museu será uma importante ferramenta para que a história deste heroi seja sempre lembrada. O acervo será doado pela família do marinheiro, pela Palmares e pela Marinha do Brasil.

O memorial que abrigará o histórico da vida e luta do Almirante Negro tem custo estimado em R$ 2 milhões, apenas para um dos quatro edifícios que irá compor o complexo. A arquitetura do prédio principal remeterá a um navio sobre as águas. Dois outros espaços já existem, são casas do período colonial que serão restauradas. A área total do museu será de aproximadamente 700m2. A prefeitura de São João do Meriti, responsável pela obra, prevê o início da construção para o mês de agosto. O presidente Eloi Ferreira afirma que o complexo será entregue o mais rápido possível.

Nascido em 24 de junho de 1880 em Encruzilhada, Rio Grande do Sul, João Cândido pertenceu a uma família de ex-escravos. Aos 13 anos apresentou-se na Companhia de Artífices Militares e Menores Aprendizes no Arsenal de Guerra de Porto Alegre e em 1895 foi transferido para a Escola de Aprendizes de Porto Alegre. Em dezembro do mesmo ano, ingressou na Marinha de Guerra do Brasil. Teve uma carreira extensa de viagens nacionais e por vários países do mundo nos 15 anos que pertenceu à instituição. Era o marinheiro mais experiente e respeitado pelos colegas e oficiais. Apesar disso, era contrário ao tratamento dado aos subalternos, penalidades que persistiam mesmo após as assinaturas da Lei Áurea, em 1888, e do Decreto n°3 do regime republicano, em 1889.

Os castigos a que os marinheiros brasileiros eram submetidos tinham características de tortura e a chibata como principal instrumento “disciplinar”. As penalidades se assemelhavam ao tratamento dado aos escravos pelos capatazes nas fazendas coloniais. No documentário Cem Anos sem Chibata, produzido pela EBC – TV Brasil, o próprio Almirante Negro explica o significado do castigo da chibata: “Era uma corda intitulada linha de barca onde os carrascos colocavam agulhas e pregos. Nus da cintura para cima, os homens eram amarrados em um ferro, expostos e castigados brutalmente”. O registro realizado em 1968 foi a única gravação de voz do almirante.

Em 1910, João Cândido assistiu junto de outros marinheiros a aplicação da pena de 250 chibatadas a que foi condenado seu colega Marcelino Rodrigues Meneses. Liderada pelo Almirante Negro, a tripulação da embarcação Minas Gerais da Marinha se revoltou contra seu comandante e junto a ela se uniram as tripulações de outros três navios. O protesto que ficou conhecido como Revolta da Chibata tinha entre as reivindicações o fim dos maus-tratos psicológicos e das punições corporais, o aumento salarial, melhor alimentação e a anistia aos envolvidos.

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