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"Ser de Candomblé não se limita ao fato de ter uma religião, é, sobretudo, um modo de vida".
Pai Lucas de Odé

terça-feira, 19 de abril de 2011

Cará ou Inhame? O Dambá Odé expõe as diferenças e semelhanças desse importante alimento dos candomblessistas

Conforme o texto abaixo explica, a resposta pode ser óbvia para as pessoas da região Centro-Oeste do Brasil, mas na região Sudeste e até no Nordeste é comum chamarem Cará de Inhame, já vimos essa "confusão" manifestar-se no cotidiano ritualístico de alguns colegas religiosos. Leia o texto e desvende as peculiaridades existentes. Asé Ire O!

Texto João Mathias
Consultor Almir Dias Alves da Silva*


A vasta extensão do território nacional favorece a diversidade e a riqueza cultural do país. Em contrapartida, gera confusão. Inúmeras espécies animais ou vegetais são conhecidas por nomes diversos, às vezes contraditórios. É o que ocorre com o inhame, assim conhecido popularmente no Nordeste, porém chamado de cará em outras regiões brasileiras. De fato, o cará corresponde a variedades do inhame, como cará-barbado, cará-moela, cará-sapateiro, cará-da-costa, entre outras. No Sudeste, o mais encontrado é o cará-são-tomé. Para complicar o quadro, muita gente no centro-sul do país confunde inhame com taro (Colocasia esculenta), pequena raiz comestível de formato arredondado, que pertence à família Araceae. 'Instituições de pesquisa trabalham para desfazer esse equívoco e padronizar a nomenclatura', explica o pesquisador de hortaliças do Incaper - Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, Carlos Alberto Simões. O inhame (Dioscorea spp.) é uma túbera cilíndrica e alongada, de cor castanha-clara, que pode chegar a mais de 10 quilos. No varejo, é comum encontrá-lo com pesos entre 700 gramas e três quilos. 

Dotado de alto valor nutritivo, é rico em vitaminas do complexo B, possui sais minerais, carboidratos - em especial amido - e, ao contrário do que possa parecer, contém baixo teor de gordura. De textura firme e considerado energético, ele pode ser uma alternativa à batata. Além de ser comum seu consumo cozido, acompanhado de manteiga, melaço ou mel no café-da-manhã no Nordeste, vai muito bem em pedaços ou como purê nas refeições diárias. Ainda pode ser adicionado a sopas e caldos e serve para a fabricação de farinha e amido, ingredientes para a produção de pirão, pães, bolos, biscoitos e tortas. A planta tolera altas temperaturas e clima úmido. Por isso, encontra ambiente propício para se desenvolver em áreas tropicais. 

Originária da Ásia, espalhou-se pelo continente americano a partir da África. O cultivo de inhame é atividade de destaque na agricultura familiar, sobretudo em Pernambuco, Paraíba, Bahia, Alagoas e Maranhão.





Inhame
Texto João Mathias
Consultor Almir Dias Alves da Silva*




Raio X
SOLO: arenoso, profundo, bem drenado e fértil
CLIMA: temperatura entre 24 e 30 graus
ÁREA MÍNIMA: pode ser plantado até em jardineiras
COLHEITA: sete meses após o plantio
CUSTO: a arroba vale de 20 a 25 reais
Mãos à obra
Rústica, a planta tolera bem o calor e o clima úmido
INÍCIO - o bom desenvolvimento do inhame depende da qualidade da muda adquirida ou da túbera-semente - estrutura da qual se propagam as raízes. Por isso, para iniciar a atividade, compre exemplares de produtores idôneos. Mesmo assim, assegure-se de que não estejam doentes ou sofreram ataques de pragas, se vêm de culturas bem produzidas e se a variedade apresenta potencial produtivo. Fevereiro e abril são os melhores meses para se conseguir mudas para plantios de sequeiro (sem irrigação) no Nordeste. Se a idéia for adotar o cultivo irrigado, o que ocorre a partir de setembro, procure pelas ofertas de julho a agosto.
PLANTIO - primeiramente, faça aração e gradagem do solo. O terreno deve ser arenoso, profundo, bem drenado, rico em matéria orgânica e com pH de 5,5 a 6. A época para se plantar inhame depende da disponibilidade de irrigação. Onde há boa incidência de chuva, o cultivo deve ser realizado no início da estação das águas. A recomendação é se concentrar entre setembro e outubro para plantações irrigadas.
AMBIENTE - dê preferência para plantar inhame em regiões onde o clima é quente e úmido, com temperatura média entre 24 e 30 graus. Para o bom desenvolvimento da cultura, a umidade relativa do ar deve variar de 60% a 70% e a quantidade anual de chuva, entre 1.000 e 1.600 milímetros.
MATUMBOS - o cultivo de inhame em plantios domésticos é feito em covas altas, os matumbos. Utilize uma enxada manual para cavar uma área de 40 x 40 centímetros em matumbos de cerca de 30 centímetros de altura. No alto e no centro da cova, acomode a muda a dez centímetros de profundidade. Deixe 1,2 x 0,8 metro ou 1,0 x 0,8 metro de espaçamento.
CUIDADOS - pragas e doenças podem atacar o plantio de inhame. A lagarta da folhagem e a broca do caule são duas ameaças à cultura. Entre as enfermidades mais freqüentes estão a queima da folhagem, a podridão verde e a casca preta.
VARIEDADES - há diversos cultivares de inhame que são comestíveis. Entre os principais podem ser citados o são-tomé e o sorocaba, além do cará-da-costa edo cará-mandioca, que, apesar dos nomes, referem-se mesmo ao inhame.
PRODUÇÃO -
 o ciclo de produção do inhame é de aproximadamente 270 dias - quando ele atinge a maturação completa. Se as folhas da parte superior da planta apresentarem amarelamento e ficarem secas, é sinal que o inhame está pronto para ser colhido.
CAPAÇÃO - para fazer a capação, processo de retirada da túbera comercial - ou o inhame formado -, 210 dias de plantio são suficientes. Corte com uma foice pequena e com cuidado a planta na altura do ligamento com a raiz. Em seguida, feche o matumbo com uma puxada de terra para a produção das túberas-sementes que serão utilizadas no próximo plantio.

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