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"Ser de Candomblé não se limita ao fato de ter uma religião, é, sobretudo, um modo de vida".
Pai Lucas de Odé

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Espiritualidade, música e reencontro

Por Pai Lucas de Odé

Pessoalmente gostamos muito do trabalho da Daniela. Já conversei com alguns colegas que não gostam de ver sua fé retratada  nas músicas, devido ao fato de elas serem tocadas em ocasiões que ele considera "profanas". Ao contrário do meu amigo, penso que qualquer espaço que possibilite ao mundo ver o quão bonita e rica é nossa fé, nos é valido.


O grande responsável pela marginalização do Candomblé, foi o ocultismo gerado acerca dele. Ninguém mistifica ou dissemina negativamente aquilo que é conhecido por muito; ao contrário, ainda que o façam as más línguas - como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Internacional da Graça - o preconceito não será estabelecido.

Estamos no século XXI, o advento da internet elimina as barreiras culturais e também as distâncias. Somos todos interligados de alguma forma. O Candomblé surgiu negro e tornou-se multicolorido no decorrer dos anos. O que antes era considerado minoritário, agora transcende a barreira do oculto, do marginal, do desconhecido. 

Cada vez mais as pessoas buscam um encontro consigo mesmas. Tão rápido quanto um tweet ou tão fácil como falar com um amigo no Japão pelo msn, o homem e a mulher modernos perderam parte da essência que existia nas conversas dos chás da tarde, ou nas linhas de uma extensa carta que chegava pelos Correios. O ser humano moderno está "em busca de". 

A religião dos Orixás promove pequenos grandes encontros. Ser "montado" por uma energia tão forte que faz suas vistas escurecerem, suas carnes tremerem e seu corpo se movimentar sem o seu consentimento, é um verdadeiro encontro. No Candomblé nos encontramos com a energia mais primitiva dos nossos ancestrais. Isso significa que nós próprios nos reencontramos.

Muitos de nós por vezes nos perguntamos o que é aquele vazio inexplicável dentro do peito. Temos tudo aquilo que julgamos necessário para vivermos bem e ainda sim sentimos falta de algo. Eu respondo: É a lacuna espiritual que necessita ser preenchida.

Pare. Pense. Analise friamente o quanto é maravilhoso por reencontrar-se com aquilo que nos circunda. Com a brisa que sopra em nossos rostos, com a terra que nos oferece generosamente seus frutos, com a água que nos mata a sede, as plantas que nos curam, os animais que ou nos alegram ou nos alimentam. Esse é o encontro que todo ser humano necessita. O encontro consigo. O encontro com a natureza. O encontro com o Orixá.

Venha conhecer a fé que transforma vidas e pessoas. Venha de encontro à vida. Venha ser um òmò òrisá!


Composição : Miltão / Rene Veneno / Guiguio



O canto do negro veio lá do alto
É belo como a íris dos olhos de Deus, de Deus
E no repique, no batuque, no choque do aço
Eu quero penetrar no laço afro que é meu, e seu
Vem cantar meu povo, vem cantar você
Bate os pés no chão moçada
E diz que é do ilê a yê
Lá vem a negrada que faz o astral da avenida
Mas que coisa tão linda, quando ela passa me faz chorar (bis)
Tú és o mais belo dos belos, traz paz, riqueza
Tens o brilho tão forte por isso te chamo de pérola negra (bis)
Êêê, pérola negra
Pérola negra ilê a yê, ilê a yê
Minha pérola negra (bis)
Lá vem a negra que faz o astral da avenida...
Com sutileza cantando e encantando a nação
Batendo bem forte cada coração
Fazendo subir a minha adrenalina
Como dizia Buziga
É de mim
Em me pé nagô de ilê
É de mim
Em me pé nagô de ilê a yê
Êêê, pérola negra...

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