Por Pai Lucas de Odé
Possíveis diálogos:
- Qual é a sua religião?
- Sou católico.
- Bacana!
Opção 2:
- Qual é a sua religião?
- Sou evangélico.
- Deus abençoe irmão!
Opção 3:
- Qual é a sua religião?
- Sou candomblessista.
E os outros dois respondem:
(1)- Créééédo!!!
(2)- Tá amarrado em nome do senhor!!!

A história do candomblé no Brasil é dividida de acordo com a distribuição dos escravos no território brasileiro. Antes da abolição da escravatura o candomblé já existia, mas não com essa nomenclatura. Eram as várias religiões tradicionais africanas, trazidas pelos escravos da África e praticadas nas senzalas ou em lugares afastados no meio da mata. Eram chamados de batuque de negros.
Três princesas africanas (Adetá ou Iyá Detá, Iyá Kalá, Iyá Nassô), vindas de Oyó e Ketu na condição de escravas, fundaram um terreiro de candomblé em um engenho de cana. Posteriormente, passaram a reunir-se num local denominado Barroquinha em Salvador, onde fundaram uma comunidade de Jeje-Nagô pretextando a construção e manutenção da primitiva Capela da Confraria de Nossa Senhora da Barroquinha, atual Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha que, segundo historiadores, efetivamente conta com cerca de três séculos de existência. Vale salientar: três séculos de existência!

Em poucos anos, a Igreja Universal cresceu e, após oito anos de fundação, dispunha de 195 templos em 14 estados brasileiros e no Distrito Federal. Em 2009 (mais de trinta anos após sua fundação), a IURD possuía no Brasil mais de cinco mil templos e dez milhões de fiéis que seguem quase 15 mil pastores.
Os cultos afro-brasileiros foram perseguidos e criminalizados durante longo período da história brasileira. Em um país de maioria absoluta de católicos, as práticas religiões de matrizes africanas foram duramente perseguidas pelas delegacias de costumes até a década de 60 do século XX. Ainda sob outras denominações, a umbanda estava incluída no rol dos inimigos do catolicismo já nos anos 40.
Devido a proliferação das religiões de matrizes africana, a Igreja Católica chegou a criar em 1952 um Secretariado Especial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com o objetivo de enfrentar o crescimento do número de fiéis do candomblé, umbanda e demais “cultos mediúnicos”. Tal subdivisão foi denominada de Secretariado Nacional de Defesa da Fé.
Para os católicos, o homem brasileiro (comumente chamado de “homem de cor”) praticante de umbanda encontrava-se em uma situação marcada pela miséria material e moral. Exemplo desse posicionamento está na entrevista dada em 1957 pelo arcebispo de Porto Alegre, Dom Vicente Scherer, à Rádio Gaúcha sobre as atividades da Umbanda no Rio Grande do Sul e transcrita na revista da arquidiocese de Porto Alegre.
“A Umbanda é a revivescência das crendices absurdas que os infelizes escravos trouxeram das selvas de sua martirizada pátria africana. Favorecer a Umbanda é involuir, é aumentar a ignorância, é agravar doenças”, disse Dom Vicente Scherer.

“Submetida a um pacto de silêncio, a discriminação e violência históricas contra pessoas adeptas de religiões de matriz africana, sofre de profunda invisibilidade no debate educacional. As denúncias apontam que ela vem aumentando em decorrência do crescimento de determinados grupos neopentecostais nas periferias das cidades e de seu poder midiático; da ambigüidade das políticas educacionais com relação à defesa explicita da laicidade do Estado e do insuficiente investimento na implementação da lei 10.639/2003 que tornou obrigatório o ensino da história e da cultura africana e afro-brasileira em toda a educação básica”, afirma Denise Carreira, Relatora Nacional de Educação.
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